Instituto Arapyaú desenvolve no município capixaba o Programa Cidades, que busca soluções inovadoras para os principais problemas da sociedade, em parceria com a gestão pública.
Cachoeiro de Itapemirim foi um dos quatro municípios brasileiros, junto com Aracaju, Blumenau e Caruaru, selecionados para a implementação do Programa Cidades – Soluções Inovadoras para Cidades Sustentáveis. O projeto é desenvolvido pelo Instituto Arapyaú, que atua no campo do investimento social privado, sem qualquer custo para o município. A cidade capixaba se enquadrou nos critérios principais – ter mais de 200 mil habitantes e prefeito em primeiro mandato, caso de Victor Coelho – e foi selecionada por meio de uma ponte feita pelo Espírito Santo em Ação junto ao Arapyaú.
O programa, que tem o objetivo de identificar os principais desafios da administração municipal e criar soluções inovadoras, foi desenhado a partir de uma pesquisa realizada com prefeitos, vereadores, secretários e chefes de gabinete. O estudo identificou que os maiores entraves de inovação para o gestor público são a falta de recursos e a burocracia.
Mas um dos dados que chamou mais a atenção foi a pouca clareza sobre a definição de inovação no setor público, o que acaba impactando a relação entre governo e parceiros privados: enquanto parceiros privados trazem pensamento, em geral, com foco no governo como provedor de serviços, os gestores têm preocupações mais voltadas para a simplificação de processos e a diminuição de custos.
COMO FUNCIONA
O objetivo é criar uma Unidade de Inovação Municipal, legitimada e capacitada para solucionar problemas complexos prioritários da gestão, contando com espaço fiscal e ambiente regulatório adequados à inovação. O trabalho em Cachoeiro teve início em agosto, quando um gestor do Instituto Arapyaú se mudou para a cidade com a missão de criar essa unidade.
“O primeiro passo é o entendimento aprofundado do problema, para só depois partir para a solução inovadora. Estamos nessa fase de diagnóstico, com o gestor local e o secretário de Modernização trabalhando para entender os gargalos e os principais problemas da população em termos de serviços – documentos, abertura de empresas, saúde, educação etc”, explica Marcelo Cabral, gerente executivo do Instituto Arapyaú, antecipando que neste mês de outubro terá início a definição do projeto que será desenvolvido.
O trabalho é feito em três frentes – fiscal, regulatória e organizacional –, por empresas parceiras do Arapyaú. Inclui ajustes como possibilidades de aumento de receitas e redução de despesas; criação de planos com ganhos imediatos e implementações curtas; otimização regulatória; auxílio na edição de atos de contratação de serviços; simplificação de atos normativos para maior abertura à inovação; engajamento de servidores e funcionários públicos; diagnóstico claro do problema a ser solucionado; e formação dos gestores em treinamentos de Liderança, Gestão Pública, Política e Resolução de Problemas.
LEGADO
Em junho de 2020, quando se encerra o programa, o objetivo é que Cachoeiro tenha não só um projeto que traga uma solução inovadora para o desafio identificado, mas um time de inovação capacitado e legitimado para resolver problemas estruturantes.
“Para fazer inovação, é preciso ter capacidade institucional. Isso significa não só mudança na forma de pensar e agir. É uma mudança de cultura e também de processos. É conseguir trabalhar com pareceres de mudança de regulamentação que permitam mais inovações. É ter um espaço fiscal para conseguir inovar”, disse Marcelo.
Para ele, o grande legado não é só na solução de um problema, “porque a cidade vive resolvendo problema”. “Se ela tiver uma maneira inovadora de resolver problemas de forma contínua, pode ser considerada uma cidade inovadora. Inovação é mais que um aplicativo. É um meio”, completa.