Trabalho desenvolvido pela Ecosocial para o Shopping Vitória mostra que os frequentadores pedem mais espaços internos que favoreçam o encontro.
Os shoppings surgiram com o conceito de serem centros de compras: espaços onde vários comerciantes se reuniam para oferecer aos clientes a praticidade de encontrar diferentes opções de produtos em um mesmo lugar. Esse ainda é o objetivo primordial desse tipo de estabelecimento, mas seu uso por parte dos frequentadores evoluiu para um sentido muito mais amplo, onde se manifestam outros desejos por novas experiências.
O trabalho desenvolvido para o Shopping Vitória pela Ecosocial Inteligência, empresa com foco em estudos de mercado inovadores e laboratórios cocriativos para solução de desafios, mostrou que há uma demanda grande por encontros e relacionamentos dentro do mall.
“Hoje em dia o digital tem um espaço importante nos relacionamentos, mas a convivência não se restringe ao virtual. As pessoas articulam no digital e se encontram no físico. E o Shopping Vitória é um lugar privilegiado quando se pensa em quantas coisas acontecem lá – aniversários, reuniões de negócios, encontros de namoro, pedidos de casamento… E os frequentadores pedem por mais ambiências internas que favoreçam o encontro, a vivência, o relacionamento”, disse Michel Vasconcelos, especialista em Antropologia do Consumo e Design de Estratégia da Ecosocial.
Do ponto de vista das pessoas que frequentam o Shopping Vitória, ele não deve ser tratado somente como um local de transações comerciais. O estabelecimento acaba cumprindo outras funções que vão muito além da compra.
“Ouvimos relatos de pessoas que vão ao shopping para o andar aleatório. É o equivalente ao dar uma voltinha pela cidade de antigamente. Muita gente não vai para comprar nada específico, mas só para passear, arejar a cabeça, e acaba adquirindo uma coisa ou outra. Vale inclusive um alerta para os lojistas: enxergar o frequentador apenas como um consumidor é uma visão limitada dentro dessa nova perspectiva”, comentou Michel.
FORÇA DA ESCUTA
Mas essas observações só são possíveis quando se pratica uma escuta atenta das pessoas.
“Em todos os projetos que a Ecosocial vem desenvolvendo, temos percebido que faz uma diferença muito grande quando você se abre para ouvir de verdade a população. Isso indica uma demanda muito proeminente das pessoas em falar, em terem espaço para serem ouvidas. E se torna muito mais potente quando se consegue transformar em ações práticas e de retorno para as demandas da população”, acrescentou Michel.
Nessa escuta efetiva, as empresas conseguem modelar seus serviços ou produtos antes de oferecê-los ao público. No caso do shopping, abrir esse espaço de diálogo com os usuários levou a observações que extrapolaram até a área interna do mall.
“As pessoas colocaram demandas diversas, de sugestões estruturais e pequenas observações, simples de implementar, que podem ocasionar em grandes transformações. Uma curiosidade é que os usuários falaram da experiência também no entorno, como a faixa de pedestres em frente à Assembleia Legislativa que termina em um canteiro e, em dias de grande movimentação, pode gerar confusão ao atravessar a rua. Se você não olha pelo ponto de vista das pessoas, não consegue detectar esses detalhes”, completa.