Raiz Capixaba usa a tecnologia para fazer a previsibilidade da produção de frutas, verduras e legumes sem agrotóxico e conecta as famílias produtoras ao mercado.
A produção e o consumo de produtos orgânicos têm crescido bastante no Brasil e no mundo. Segundo pesquisa divulgada pelo Conselho Nacional da Produção Orgânica e Sustentável (Organis), o mercado mundial passa de US$ 80 bilhões e, o nacional, de R$ 3 bilhões por ano. Nesse passo, o Brasil vem se consolidando como grande produtor de alimentos orgânicos: são 17 mil propriedades certificadas em todas as unidades da federação. A maior parte da produção é proveniente de pequenos produtores.
Contudo, o setor ainda demonstra sinais de que necessita de profissionalização. Uma pesquisa do Sebrae com Produtores Orgânicos Brasileiros (2018) aponta que questões como pequena diversidade de produtos ofertados (46%) e falta de regularidade nas entregas (37%) são alguns dos principais gargalos encontrados na aquisição de produtos orgânicos.
Ciente do problema e com a missão de buscar uma solução para valorizar os produtores rurais orgânicos, o engenheiro florestal José Eduardo Scardua criou a startup Raiz Capixaba. A agrotech usa a tecnologia para fazer a previsibilidade de produção de fruta, legume e verdura orgânicos e conecta as famílias produtoras ao mercado interessado em oferecer uma alimentação saudável e sem agrotóxico.
“É uma demanda cada vez mais recorrente de empresas que querem o produto orgânico. Estamos fazendo essa conexão de forma direta entre produtores e empresas”, explica o fundador e CEO da Raiz Capixaba.
Junto aos produtores, o trabalho é planejar e sistematizar: a produção é totalmente planejada conforme as demandas identificadas no mercado por meio da sistematização dos plantios e relatórios técnicos. Como resultado, o produtor alcança um preço justo por suas frutas, verduras e legumes, o aumento de renda e o gerenciamento do desperdício de alimentos.
“Conseguimos aumentar o faturamento dos produtores em 30%. Gerenciamos o desperdício deles”, explica.
Para as empresas, a startup oferece o suprimento de demandas, acompanhando a previsibilidade de produção de todas as famílias produtoras em todas as fases das culturas, comodidade e risco gerenciado da entrega dos produtos.
“O sistema traz toda a comodidade que precisam, já que podem rastrear o processo da semente à colheita, além de comprar um produto mais barato, considerando que os preços altos ainda são a queixa mais recorrente dos empresários – 62%”, completa Scardua.
Para ter acesso à plataforma é preciso primeiro se cadastrar, seja como produtor ou como empresa, no site raizcapixaba.com.br.
“Um terço dos produtores orgânicos do Espírito Santo está na plataforma. Atendemos supermercados, incluindo uma rede no Sul, empresas da Grande Vitória, escolas, restaurantes e hamburguerias. Atuamos muito forte no campo, estamos lá batendo na porta dos produtores, temos um relacionamento que tem mais de um ano, que eu comecei antes desse projeto”, conta.
Vale lembrar que a comercialização dos produtos orgânicos em supermercados, lojas, restaurantes, hotéis, indústrias e outros locais depende de certificação junto aos Organismos da Avaliação da Conformidade Orgânica (OAC) credenciados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Os produtos orgânicos nacionais ou estrangeiros devem apresentar o selo federal do SisOrg nos rótulos. E os restaurantes e lanchonetes que servem pratos ou ingredientes orgânicos devem colocar à disposição dos consumidores a lista dos produtos utilizados e seus fornecedores.