Programa com metodologia desenvolvida no Vale do Silício é difícil e tem objetivo de selecionar empreendedores de startups que estão preparados para enfrentar o mercado
A primeira turma a passar pelo programa do Founder Institute – maior aceleradora de startups pré-seed do mundo, fundada em Palo Alto, na Califórnia – chegou a sua graduação. Com metodologia desenvolvida no Vale do Silício, o programa roda em mais de 180 cidades pelo mundo e vem sendo aprimorado em média duas vezes ao ano desde 2009, com as melhores práticas globais de construção de startups. Exigente, o programa forma em Vitória quatro dos 15 empreendedores candidatos a founder que iniciaram.
“Fomos bem exigentes na qualidade das startups graduadas. O Founder Institute prefere graduar apenas os founders das startups que estão preparados para enfrentar o mercado, por isso o programa é duro e exigente”, afirma o diretor do Founder Institute Brazil, Miguel Barreto, que dispara: “não levamos ninguém pela mão”. A aceleradora acredita que os founders só crescem se forem desafiados. Tudo no Founder Institute é um teste que indica a performance futura.
Segundo Rimaldo de Sá, líder local junto com Michele Janovik e Milton Borges, “a viabilização do capítulo Vitória do Founder Institute é um grande projeto colaborativo, uma iniciativa que tem o objetivo de contribuir para o desenvolvimento do ecossistema de inovação do Espírito Santo. A implantação só foi possível com a participação de vários apoiadores locais, entre os quais Sebrae/ES, Sicoob e ES em Ação, para citar alguns. É importante frisar que foi essa colaboração de muitos atores do ambiente de inovação local que permitiu que trouxéssemos uma metodologia desenvolvida no Vale do Silício para Vitória”.
Nesta entrevista ao WhitepaperDocs, Miguel Barreto fala sobre a meta de aumentar o número de matriculados para 25 a 30 participantes, apresenta os empreendedores selecionados, destrincha detalhes sobre o programa, e adianta que o capítulo Vitória já está se preparando para lançar um novo semestre.
O capítulo Vitória forma agora seus primeiros founders. Quem são eles?
Djobi, de Carlos Bittencourt; LicitUP, de Daniel Ramos Rosetti e Tiago Damiani; e
Entrega Farma, Diogo Altoe Lopes.
Qual foi o aproveitamento do programa?
O programa é bem difícil. A média mundial é de que apenas 30% a 35% graduam. No programa de Vitória iniciaram 15 e graduaram apenas quatro. Isso significa que fomos bem exigentes na qualidade das startups graduadas. O Founder Institute prefere graduar apenas os empreendedores das startups que estão preparados para enfrentar o mercado, por isso, o programa é duro e exigente, não levamos ninguém pela mão.
Podemos falar do programa mais no detalhe? O que faz o programa tão difícil?
A metodologia do programa foi desenvolvida no Silicon Valley e roda em mais de 180 cidades pelo mundo. Ela vem sendo aprimorada em média duas vezes por ano, desde 2009, com as melhores práticas globais de construção de startups. O programa tem duas trilhas distintas: a trilha Launch, para quem está na fase da ideia ou protótipo, mas ainda sem faturamento. Nessa trilha focamos principalmente em validação, construção do time e go to market. A trilha Growth é para quem já tem um time full time e alguma tração inicial. Nesta trilha o foco é mais no aumento da tração e preparação para captação de investimento. Três coisas que acontecem ao longo de todo o programa são: o pitch, toda a sessão tem pitch; o desenvolvimento do cliente, os founders devem continuamente tentar achar o seu product market fit no mercado e isso deve ser feito com dados e com o conhecimento do seu cliente; e liderança. Ao longo do programa dividimos os founders em grupos, que elegem um presidente, que tem a missão de liderar o seu time para o sucesso (simula a liderança que terão de exercer nas suas empresas). Nós acreditamos que os founders só crescem se forem desafiados. Tudo no Founder Institute é um teste que indica a performance futura.
Quais os fatores decisivos para um candidato a fundador não graduar?
As duas principais razões para não graduar são: ficar para trás – se não entregar as tarefas semanais ou tiver pouca evolução; más notas no pitch – os nossos mentores experientes de startups acham que a ideia, a estratégia ou o progresso estão fracos. O Founder Institute ajuda os founders a descobrirem a dura realidade rapidamente.
Nesta edição, o formato virtual permitiu a participação de mentores de outras regiões e países. Quais participações aconteceram por aqui?
Sim, isso tem sido uma das principais vantagens do formato virtual. Sendo virtual conseguimos trazer mentores de qualquer cidade da nossa rede, sem saírem do conforto das suas casas. Conseguimos trazer mentores de Belo Horizonte, Curitiba, Rio de Janeiro, Copenhague e até do Vale do Silício.
Quem são os mentores locais? Qual o papel deles junto às startups que ingressam no programa?
Nós temos mais de 60 mentores locais que normalmente são CEOs ou founders de startups que tiveram sucesso na região, ou então investidores locais. Estamos querendo aumentar cada vez mais a nossa rede de mentores com fundadores das melhores startups da região. É possível conhecer os mentores em fi.co/mentors. Os mentores participam das nossas sessões fazendo apresentações sobre o tema de cada sessão (fi.co/program) e avaliam os pitchs e dão feedbacks “brutalmente honestos” para os nossos founders. Além disso, eles ainda disponibilizam mentorias individuais (office hours) para ajudar a evoluir ainda mais os negócios.
Qual o balanço dos trabalhos em Vitória até agora?
O capítulo foi um sucesso e é promissor. Acho que podemos ajudar o ecossistema de Vitória a crescer com startups mais estruturadas e resilientes. Estamos já nos preparando para lançar o próximo semestre e esperamos conseguir aumentar o número de matriculados para 25 a 30, e talvez até rodar dois semestres em 2021.
Em tempos de pandemia, como tem sido o trabalho do Founder Institute no Brasil, e o que vem pela frente?
O Founder Institute teve de fazer uma mudança radical em poucas semanas do presencial para o virtual em 180 cidades no mundo quase em simultâneo. E assim deverão permanecer, pelo menos até final do ano e 2021 ainda não sabemos. O Founder Institute Brasil estava em franca expansão desde 2015 e este ano chegou a 14 cidades no Brasil. Com certeza esta mudança para o virtual impactou principalmente nos nossos eventos abertos mas tomamos algumas medidas para minimizar esse impacto. Realizamos eventos semanais abertos nacionais com vários temas de interesse de startups. Também realizamos demodays nacionais para investidores com os graduados de cada cidade (ainda realizaremos o de Vitória). Demos um maior suporte aos nossos diretores locais de cada cidade, apoiando em recrutamento, gestão dos semestres, adaptação para as sessões virtuais, trocas de mentores entre cidades, marketing e comunicação. Fizemos parcerias com grandes eventos de startups, tanto em nível local como nacional. Os maiores destaques são o Nasa Space Apps, InovAtiva e Finep. Outras parcerias foram feitas ainda com embaixadas como a dos Estados Unidos e a do Reino Unido. Estamos reestruturando nosso fundo de investimento Jupter Adventures, que investe em graduados do programa, para podermos investir em cada vez mais startups.