Na última sexta-feira, 18 de março, o governo do Espírito Santo, por meio do Banco de Desenvolvimento do Estado (Bandes), formalizou o contrato com a empresa TM3 Capital para a gestão do Fundo de Investimento em Participação (FIP), um novo fundo ligado ao Fundo Soberano do Estado do Espírito Santo (Funses), que já existe desde 2019. Esses fundos atuam buscando desenvolver novos negócios no Estado com base nas receitas advindas da exploração do petróleo e do gás natural, e são um passo significativo para a evolução do ecossistema de inovação capixaba.
A TM3 foi selecionada para gerir o FIP por meio de uma chamada pública, e vai ficar responsável por estruturar o FIP Funses 01, um fundo na modalidade venture capital multiestratégia. Essa modalidade consiste no investimento em empresas de pequeno ou médio porte com alto potencial e velocidade de crescimento, para posteriormente vender as ações adquiridas, influenciando no estabelecimento da empresa no mercado.
O FIP Funses 01 tem um capital subscrito de R$ 250 milhões e é um dos maiores fundos do Brasil nessa categoria. Além disso, de acordo com o secretário de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação, Educação Profissional e Desenvolvimento Econômico, Tyago Hoffmann, ele tem duração de 10 anos.
“Será prorrogável por mais dois anos, sendo que os cinco primeiros anos serão considerados período de investimento. Nessa fase, a empresa gestora selecionada fará os melhores esforços para buscar e atrair bons negócios”, explicou Hoffmann.
Ainda segundo Hoffmann, o fundo vai contar com um portfólio diversificado, com investimento em setores estratégicos e foco na inovação no ambiente produtivo e social. “Vale lembrar que o Fundo atuará em todos os estágios de fundraising, da jornada da empresa, com investimentos de R$ 300 mil até R$ 30 milhões”, completa o secretário.
O FIP Funses 01 pretende acelerar até 500 empresas em cinco anos, além de investir em cerca de 100 empresas em todos os estágios, conforme mencionado por Tyago Hoffmann, também nesse prazo de cinco anos. Os investimentos preferenciais do fundo vão ser em projetos ligados a: Tecnologia de Informação e Comunicação; Nanotecnologia; Economia Criativa; Educação; Saúde e Ciências da Vida; Energia Renovável; Meio Ambiente; Agronegócio; Transporte; entre outros.
A TM3 Capital fica responsável pela análise, valoração, negociação, investimento, aceleração e desinvestimento das empresas. Ela vai trabalhar em conjunto com a aceleradora ACE, que vai atuar com o foco em startups e empresas de base tecnológica, desenvolvendo essas empresas e ajudando a consolidar seus modelos de negócios e a receberem aportes do FIP.
Além disso, segundo fala do fundador e CEO da TM3 Capital, Marcel Malczewski, no evento de assinatura do contrato, esse investimento também vai ser feito em outras empresas que não se encaixam na definição de base tecnológica.
“O papel da TM3 Capital será, principalmente, de potencializar e fomentar o ecossistema do Espírito Santo, sendo uma ferramenta importante, juntamente com outras iniciativas para transformar a imagem do Estado no que se refere aos investimentos em tecnologia”, afirmou o empresário.

O secretário Tyago Hoffmann enxerga os fundos de investimentos sob a mesma ótica: “O FIP Funses vai fomentar e desenvolver o ecossistema de inovação do Espírito Santo, buscando empresas tanto no estágio de ideação quanto as que já têm seus modelos de negócios validados, produtos na fase de comercialização e equipes em estágios mais avançados”. Hoffmann também elogiou o governo Casagrande pelo feito: “A decisão do governador Renato Casagrande de defender a inovação como princípio para o desenvolvimento foi assertiva e colocará o Estado em destaque mais uma vez no mercado”, afirmou.
Para o governador, a boa gestão fiscal e o bom ambiente de negócios do Estado são atrativos para investidores.
“Nossa economia cresceu mais do que a nacional no ano passado. Podemos lembrar de diversos exemplos de locais com riqueza abundante de petróleo que se desorganizam. Então pensei no que poderíamos fazer para garantir o futuro sem depender do petróleo: separando uma parte de sua receita corrente líquida. Poderíamos utilizar esses recursos agora em obras e programas, mas temos uma visão clara de que precisamos pensar no futuro das próximas gerações”, disse Casagrande, fazendo referência à utilização da verba do petróleo para o Fundo Soberano.
Casagrande completa: “O Fundo Soberano é uma amostra de gestão pensando no futuro. Quem irá gerir essa poupança que estamos fazendo agora serão os governantes do futuro. Nenhum outro Estado tem um Fundo Soberano. O Espírito Santo é pequeno de tamanho, mas a cada dia se consolida como referência em diversas áreas”.
O diretor-presidente do Bandes, Munir Abud de Oliveira, também elogiou a utilização do dinheiro adquirido com a exploração dos combustíveis fósseis no mercado de inovação capixaba:
“O governo aloca recursos provenientes de uma riqueza finita, como o petróleo ou o gás natural, para fazer uma poupança estadual que recebe parte do dinheiro de sua exploração e, assim, investir em diversificação, inovação e sustentabilidade da economia do Estado. Estamos falando de uma iniciativa inédita, que permite a atração de novas empresas para o Espírito Santo, o ganho de competitividade do parque industrial, o desenvolvimento de empresas de base tecnológica e a diversificação e o fortalecimento da nossa economia, além da consolidação de cadeias produtivas de diferentes segmentos econômicos”.
O Fundo Soberano do Estado do Espírito Santo foi criado em 2014, no final do primeiro governo Casagrande, porém foi descontinuado durante a gestão Paulo Hartung (2015-2018). Com o retorno de Casagrande, em 2019, o fundo foi recriado na Sectides e tem o secretário Tyago Hoffmann como membro do seu Conselho Gestor.