Por Camila Borges, participante da Oficina de Jornalismo realizada pelo WhitepaperDocs em parceria com o Sebrae-ES
As mulheres conquistaram diversos direitos e espaços; desde o direito de votar, até a inserção no mercado de trabalho, o que garantiu papéis que antes não lhes eram conferidos. No entanto, um dos maiores desafios persistentes é a seletividade que a modernidade trouxe para as mulheres.
É necessário se adaptar aos tempos de redes sociais, aprender novas técnicas, se especializar e se reinventar. São diversos desafios para continuar no mercado, principalmente porque muitas estão comprometidas com o próprio sustento e o de sua família. Para se desenvolver, elas continuam buscando alternativas e soluções.
É o caso de Luciene Silva, que buscou no evento “Caravana para Elas”, na Feira do Empreendedor do Sebrae, a inspiração para buscar novos cursos e reiniciar sua jornada como manicure depois de anos trabalhando em outras áreas para se sustentar.
Luciene aprendeu a pintar unhas com a prima quando tinha 14 anos de idade. Desde então se apaixonou pela profissão, mas enfrentou diversas dificuldades no caminho. Por ter um filho com deficiência, optou por não trabalhar em um emprego formal. Em vez disso, passou a pintar unhas de colegas em domicílio, de forma autônoma. Para se especializar, ingressou num cursinho básico de manicure e estava indo bem e conseguindo vários clientes.
No entanto, a novidade das unhas de gel passou a ser um desafio para ela. Por não ter condições de adquirir um espaço próprio, o que ela considerava essencial para executar o serviço, ficou inviável continuar. As unhas tradicionais quase não tinham mais procura, então ela desistiu por um tempo.
Aos 56 anos, com quatro filhos para sustentar, Luciene teve que começar a trabalhar prestando serviço de diarista durante a pandemia. No entanto, afirmou que o corpo já não é o mesmo e se cansa com facilidade, então gostaria de voltar a ser manicure, adquirir o próprio espaço e iniciar um curso de podologia:
“Tenho vontade de ter o meu espaço, nem que seja pequeno. Porque é o que eu amo fazer. Eu amo ser manicure. E a podologia vai ser um diferencial no meu bairro”, contou.
Anna Maria, aos 57 anos, também tem sonhos para a “Barraca da Anna Maria”. Há oito anos ela começou a fazer artesanatos como casinhas, porta-chaves e bolsas personalizadas, mas contou com emoção que se entristecia pois estava vendendo muito pouco.
“Você sabe, a gente vive num mundo em que não dá para esperar só do marido. Eu gosto de trabalhar, minha vida foi trabalhar. Fui faxineira, trabalhei em casa de família, restaurante. Então eu decidi começar a trabalhar com comida e meu esposo me deu muito apoio”, contou.
Então conseguiu uma barraquinha e foi vender numa praça em Nova Rosa da Penha, Cariacica. Lá ela faz porções médias e grandes de feijão tropeiro, arroz, salpicão, tortas, bolo de chocolate, pudim, dentre outros alimentos. Depois da pandemia e de passar um tempo parada, decidiu montar a barraca na esquina de frente para um supermercado do bairro. Após tantos anos de várias tentativas, Anna se sente agradecida por conquistar os clientes e ainda sonha em abrir o próprio restaurante:
“Estou muito feliz, o povo gosta de mim, eu gosto de cativar os clientes. Tenho uma cliente que fala ‘Você é nota mil tanto no atendimento quanto na comida!!’. Eu gosto muito de conversar e sempre agradeço”, compartilhou.
Caravana Para Elas
O evento “Caravana Para Elas” foi realizado no último dia da Feira do Empreendedor do Sebrae. Mulheres de vários locais da Grande Vitória, principalmente de bairros vulneráveis, vieram obter mais conhecimento sobre o mundo dos negócios.
“Fizemos o evento para que no dia de hoje o contato com todos esses agentes pudesse possibilitar para elas esse despertar. Não só para empreender, mas também para se profissionalizar”, contou Marcelly Bridi, gerente de Gestão de Credenciados do Sebrae e organizadora da caravana.
Foram realizadas oficinas, palestras, espaços para atendimento com bancos, analistas do Sebrae e inscrição em cursos das mais diversas áreas.
Sebrae DELAS
O Sebrae DELAS Mulher de Negócios é um programa nacional que tem como objetivo estimular e capacitar mulheres a empreender. Acredita-se que por meio desse incentivo as mulheres poderão ter mais acesso à educação, à saúde, e melhorar a qualidade de vida delas e de suas famílias.
Durante a Feira do Empreendedor, foi divulgado o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios. Os requisitos são que as mulheres sejam produtoras rurais, ou microempreendedores individuais (MEI) ou proprietárias de micro e pequenas empresas.
Para participar, a mulher deve preencher um formulário e enviar um vídeo de até dois minutos contando sobre a trajetória do seu negócio. Segundo Rarici Ziviani, gestora do Sebrae DELAS Mulher de Negócios, o objetivo da premiação é a inspiração por meio do compartilhamento e troca de experiências: “Inspirar, falar o que deu certo e o que não deu. A gente aprende muito ouvindo a experiência do outro”, explicou.
Mais de 80 mil empreendedoras já se inscreveram desde a primeira edição, realizada em 2004. As inscrições desta edição estarão disponíveis de forma gratuita até o dia 31 de julho, no site: