Após anos de debates, o destino dos antigos galpões do Instituto Brasileiro do Café (IBC), em Jardim da Penha, Vitória, foi delegado ao Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), que lançou oficialmente nesta sexta (1º de julho) o projeto da Cidade da Inovação. A plataforma de empreendedorismo e inovação voltada para a dinamização da economia irá ocupar a área de mais de 30 mil metros quadrados na região central de um dos bairros mais valorizados da capital capixaba.
A Cidade da Inovação nasce com o conceito de ser uma plataforma que promove e dinamiza soluções transformadoras com a sociedade para o desenvolvimento humano, econômico e sustentável. Irá atuar com base em três componentes: incubadora/aceleradora; escola de inovação, para suprir qualquer necessidade de conhecimento que as empresas incubadas ou que queiram ter acesso a conhecimento de ponta tenham; e um centro de transferência de conhecimento e tecnologia, com acesso a tecnologias e conhecimentos de ecossistemas do mundo todo.
A estratégia, orientada para resultados, foi criada a partir de cinco direcionadores: fortalecer a cultura institucional, por meio de um ambiente coletivo e colaborativo; promover transformações organizacionais, sociais, ambientais e econômicas, integrando a inovação à pesquisa, à extensão e às práticas de gestão; difundir a cultura do empreendedorismo e da inovação; estabelecer parcerias com organizações regionais, nacionais e internacionais, tornando a Cidade da Inovação autossustentável; e contribuir para o desenvolvimento socioeconômico do Espírito Santo.
“É o projeto mais ousado em que já trabalhei, um projeto que vai escrever história no Brasil. Não tem nada que se compara a ele no País. É um espaço aberto, tem ruas, restaurantes, praças, e construído junto com muita gente, vários olhares, várias opiniões, várias formações. É uma construção muito cautelosa, muito discutida e muito bem feita”, afirmou o alemão Peter Dostler, diretor-executivo no Brasil da Steinbeis-Sibe, fundação alemã criada há 50 anos com a missão de transferir conhecimento e tecnologia do mundo acadêmico para o setor produtivo e que é parceira do Ifes na implementação da Cidade da Inovação.
A estrutura vai contar com setores gastronômico; de economia criativa; tecnologia da informação e comunicação; metalmecânica, petróleo e gás, transporte e logística; educação 4.0 e inteligência artificial. As obras terão início em 2023 e a previsão é que a inauguração seja no final de 2024. No espaço, cedido ao Ifes em novembro do ano passado, já está em funcionamento o Polo de Inovação Vitória, unidade do Ifes especializada em gestão de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação voltados à indústria de metalurgia, materiais e inteligência artificial.
O reitor do Ifes, Jadir Pela, reforçou que a ideia é ser uma instituição que desenvolve inovação, empreendedorismo e internacionalização. “Não dá para falar de inovação e empreendedorismo se não for algo internacionalizado. Não é possível estabelecer uma relação se a gente não receber profissionais do mundo todo”, disse.
“A Cidade da Inovação é uma construção coletiva, um projeto grandioso. A ocupação dos galpões tem uma grande expectativa da sociedade de Vitória. Participamos do processo de tombamento pelo Conselho Estadual de Cultura, demandado pela sociedade civil, e seguimos trabalhando muito com o Ifes.”
Plataforma
O pró-reitor de Desenvolvimento Institucional do Ifes, Luciano Toledo, estima que o espaço de Jardim da Penha vai abrigar simultaneamente 200 empresas incubadas, em ciclos de aproximadamente um ano. Mas a Cidade da Inovação não se resume aos galpões do IBC. O projeto é uma plataforma cujo modelo de operação vai se replicar em todas as unidades do Ifes distribuídas pelo Espírito Santo.
“A cada ano serão novas 200 empresas incubadas em Jardim da Penha. Será um volume grande de negócios e projetos incubados, novos empreendimentos, pesquisas de desenvolvimento e inovação, articulação com o setor produtivo e organizações, significando aproximadamente 20 clusters da economia reunidos naquele espaço. Hoje o Ifes já tem 47 empresas incubadas distribuídas por 13 núcleos incubadores no Espírito Santo e o potencial de incubação de novos negócios é muito maior do que o projetado para os galpões”, antecipa Toledo.
Histórico
Instalados em uma área com mais de 30 mil metros quadrados, numa região central de Jardim da Penha, em Vitória, os galpões do IBC foram erguidos no início dos anos 1960, de propriedade do Instituto Brasileiro do Café, e pertenceram também à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A extensa área ficou ociosa por anos, em uma das áreas residenciais mais valorizadas de Vitória, e seu destino virou tópico de debate entre o poder público e a comunidade. Ao final de 2020, o imóvel foi tombado pelo Conselho Estadual de Cultura e, em abril de 2021, a guarda passou para o Ifes.
“Sempre foi um sonho da comunidade de Jardim da Penha que aquele espaço fosse ocupado com algum instrumento público voltado para a sociedade. Esse projeto é um sonho realizado”, disse Ângelo Del Caro, coordenador da Associação de Moradores de Jardim da Penha. “A cobiça pelos galpões do IBC é antiga. Quando fui reitor do Ifes, estive lá para tentar negociar a ocupação, mas havia entraves. E agora podemos usar esse espaço maravilhoso. É um momento histórico bastante significativo para a história do Espírito Santo. O governador Renato Casagrande trabalha para criar uma nova base econômica para o desenvolvimento do Estado e isso se reflete nos resultados que vemos”, completou Denio Arantes, subsecretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação.