Por Nicolas Nunes, participante da Oficina de Jornalismo realizada pelo WhitepaperDocs em parceria com o Sebrae-ES.
Foi assim que começou a palestra de Carolina Caravana, no “Espaço Economia Criativa”, nesta sexta-feira, dentro da programação da Feira do Empreendedor, que está sendo realizada pelo Sebrae-ES até domingo, no Pavilhão de Carapina. A empreendedora falava a respeito da expansão da indústria dos games para uma plateia por meio de um microfone que não estava conectado a nenhuma caixa de som, mas sim a aparelhos de radiofrequência. Carolina, que é vice-presidente da Associação Nacional das Empresas Desenvolvedoras de Jogos (Abragames), apresentou a palestra “Indústria de games em expansão: como fica o Brasil no mercado global” e abriu o dia no espaço destinado a debater a economia criativa.
O setor vive um boom pós-pandemia. Segundo dados do Observatório Itaú Cultural, a área fechou o primeiro trimestre de 2022 com 7,14 milhões de trabalhadores ocupados, número 12% maior se comparado ao mesmo período do ano anterior, que contava com 6,5 milhões de pessoas.
Ao WhitepaperDocs, Fabrício Noronha, Secretário de Estado da Cultura, apontou o potencial de expansão da economia criativa: “O setor tem uma capacidade muito grande de resiliência econômica, de se expandir rapidamente em territórios diferentes e de gerar emprego e renda de uma maneira muito potente. Atualmente, a economia criativa brasileira emprega mais de 5 milhões de pessoas e representa quase 6% do PIB”.
“O brasileiro é um povo que tem a criatividade na veia, a capacidade de se reinventar e de criar”.
Todo empreendimento que inclui a criatividade na rotina diária de trabalho pode ser enquadrado como pertencente à economia criativa, afirma a curadora Jéssika Tristão.
“Podemos considerar os negócios voltados para a cultura, entretenimento, artes e, mais especificamente, as categorias de games, design, marketing, audiovisual, produção de podcasts, e também os influencers que, a cada dia, estão gerando novos conteúdos a partir da criatividade e inovação”, explicou.
O espaço economia criativa conta com três palestras e uma oficina em todos os dias da Feira do Empreendedor, e receberá, às 11h deste sábado (16), a Secretaria de Cultura do Estado do Espírito Santo para uma palestra sobre a Lei Aldir Blanc de incentivo à cultura. Outras duas palestras acontecerão no mesmo espaço durante o penúltimo dia do evento, que vai até as 18h, e também contará com uma oficina que vai ensinar a utilizar embalagens para melhorar as vendas a partir das 13h.

Ainda de acordo com os dados do Observatório Itaú Cultural, em termos quantitativos, três categorias do setor chamam a atenção: moda, audiovisual e tecnologia da informação. As duas últimas categorias tiveram uma incorporação de 111.730 trabalhadores entre o quarto trimestre de 2020 e o mesmo período de 2021. Essa tendência pode estar relacionada a dois fatores: o fortalecimento das ocupações ligadas à tecnologia e a adaptação dessas categorias à dinâmica virtual da pandemia.
A capacidade criativa de unir distintas áreas do conhecimento gera novas habilidades
“O brasileiro é um povo que tem a criatividade na veia, a capacidade de se reinventar e de criar. A partir do momento que uma pessoa torna a capacidade criativa em um negócio, ela é um empreendedor criativo e está fazendo parte de um setor que abrange vários tipos de empreendimentos, seja no Espírito Santo ou em outros estados do Brasil”, enfatiza Jéssika Tristão, que é colaboradora do Sebrae-ES.
Atento ao panorama da economia criativa, Fidel Prando, de 33 anos, apostou em um empreendimento e trouxe a Crtl+Play para Vitória. A empresa, que foi fundada em Campinas (SP) em 2015, e aportou na capital do Espírito Santo em 2016, é uma escola de programação e robótica para crianças e adolescentes que desenvolve o raciocínio lógico, o trabalho em equipe e a capacidade de resolução de problemas.

“Nós direcionamos o interesse que as crianças e adolescentes têm no universo dos games para algo produtivo. Eles deixam de ser apenas usuários da internet e passam a ser criadores dos próprios jogos, aplicativos e até de robôs. Passam a conhecer mais sobre o mundo tecnológico que os rodeia”, contou.
Segundo o proprietário da Crtl+Play Vitória, mais de 500 alunos já passaram pela escola, número do qual se orgulha.
“Eu gosto de games, sempre gostei. Quando conheci o empreendimento, pensei como teria sido incrível se eu tivesse a oportunidade de estudar em uma escola como a Crtl+Play quando eu era criança. Eu me encantei pelo conceito do negócio e quis trazê-lo para Vitória. Aqui, nós estamos formando crianças para serem criadoras dos próprios games, e serem capazes de catapultar o setor dos jogos digitais do Espírito Santo”, afirmou.
Soft skills são essenciais para empreender com a economia criativa
Hard skills são habilidades e conhecimentos técnicos necessários para a construção de projetos e realização de certas tarefas. Mas para empreender na economia criativa, também é preciso desenvolver as soft skills, que são habilidades que exigem desenvoltura em relações interpessoais e o exercício da empatia.
No contexto da economia criativa, o mercado nacional dos games é um dos que está em franca expansão: apenas em 2021, a categoria ultrapassou os US$2,3 bilhões em rendimento. De acordo com uma pesquisa da Indústria Brasileira de Games, realizada em 2022, existem mais de 4.116 ofertas de graduação em cursos de jogos digitais no País, que conta com 1009 estúdios de jogos.

“Não basta apenas ter conhecimento técnico de como desenvolver um jogo. É preciso saber negociar, como estruturar uma empresa de games e um jogo comercialmente lucrativo, que pode sim ser o jogo dos seus sonhos, mas também um empreendimento que sobreviva no mercado. Saber como precificar o jogo, como lançar e distribuir, como gerar uma comunidade, como fazer o marketing e também como viabilizar comercialmente aquele produto. E isso é possível através do compartilhamento de experiência de empreendedores que já obtiveram sucesso através do método de tentativa e erro no passado”, enfatizou.
Com 31 anos, Pedro coordena a primeira incubadora focada em games do Brasil junto da SPcine, empresa de cinema e audiovisual de São Paulo. Ele elenca três itens fundamentais para o desenvolvimento de uma empresa de games capixaba:
“Em primeiro lugar, dinheiro para financiar os jogos, seja proveniente de iniciativas públicas ou privadas. Networking, que são formas de conseguir contatos estratégicos com agentes importantes da indústria, que geralmente são publishers, distribuidores, associações, dentre outros. E, por fim, o conhecimento. É preciso expandir o conhecimento para além das fronteiras tecnológicas”, disse.
SERVIÇO
Feira do Empreendedor 2022
Realização: Sebrae-ES
Data: Até 17 de julho
Horário: Sábado e domingo, das 10h às 18h
Onde: Parque de Exposições de Carapina – Serra/ES
Entrada: gratuita. Algumas atividades necessitam de inscrição antecipada.
Programação completa e inscrições: feiradoempreendedor-es.com.