Por Camila Borges, participante da Oficina de Jornalismo realizada pelo WhitepaperDocs em parceria com o Sebrae-ES.
Ter uma casa em que as luzes ligam ou desligam respondendo ao comando da voz do morador, ou que a fechadura dispensa chaves e pode funcionar com senhas, cartões ou com a biometria, são exemplos de automação residencial que otimizam as tarefas do cotidiano. Embora pareçam planos futuristas, dispositivos para casas inteligentes têm sido inseridos na vida dos brasileiros a custos mais acessíveis nos últimos anos. Dados divulgados no Smart Home Report 2021, feito pela empresa Statista, mostraram que o crescimento anual é de 17,61% na receita do mercado de casas inteligentes no Brasil, somando um volume de US$ 2,5 milhões até 2026.
As possibilidades são variadas: geladeiras programadas para avisar quando alguns itens de consumo rotineiro estão acabando, sistemas de luz e som integrados, sensores de temperatura que acompanham o cotidiano dos moradores a fim de economizar energia quando não há pessoas utilizando. Há também cafeteiras que começam a fazer café na hora programada, fechaduras de alta tecnologia, comando de portas, cortinas e persianas, câmeras e aspiradores controlados remotamente, dentre várias outras alternativas.
Uma das maiores novidades relacionadas às casas inteligentes é o barateamento dos dispositivos nos últimos anos. É possível automatizar a residência utilizando apenas o wi-fi e adaptando os objetos. O professor Vinícius Mota, do Departamento de Informática da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), falou sobre as possibilidades trazidas pela automação e os custos mais baixos:
“O necessário é que se tenha wi-fi para tornar os objetos inteligentes. Uma lâmpada de led comum custa R$ 15,00. Já uma lâmpada de led conectada à rede, que permite que você ligue e desligue via celular, custa em média R$ 30,00”, comentou.
É possível trazer mais praticidade e conforto para o ambiente apenas realizando a troca da lâmpada comum por uma lâmpada conectada à internet, ou automatizando as cortinas, o ventilador, o ar-condicionado… Os dispositivos comuns podem ser transformados em dispositivos inteligentes – até mesmo no sistema “do it yourself”.
“Tem sido comum os entusiastas de computação e eletrônica fazerem eles mesmos esses objetos inteligentes: a parte eletrônica, montagem e programação. Sai muito mais barato e não é nada tão difícil. Tem vários tutoriais disponíveis na internet”, sugeriu.
“Alexa, ligar o ar-condicionado”
Outro exemplo é o controle universal infravermelho, que custa em média R$ 100,00 e permite concentrar o comando de todos os aparelhos de um ambiente no app do smartphone, além de programar horário para ligar ou desligar a TV e o ar-condicionado, entre outros. E se o dispositivo estiver conectado a um assistente virtual, como o Echo Dot, da Amazon (que custa a partir de R$ 400,00), dá para controlar os aparelhos por comando de voz.
Os assistentes virtuais são a porta de entrada de muitas residências na categoria de casas inteligentes. Esses dispositivos auxiliam nas atividades cotidianas, como lembretes de compromissos, ver a temperatura, busca de informações específicas na internet, dentre outras funções – como controle de equipamentos por voz.
De acordo com uma pesquisa promovida pela Ilumeo, o uso de assistentes virtuais cresceu 47% no Brasil durante a pandemia. A Siri foi a primeira assistente virtual inteligente, lançada em 2011, pela Apple. Por meio do aplicativo é possível que os usuários programem seus comandos em produtos da Apple. A Alexa, da Amazon, e o Google Home também estão entre os assistentes mais populares.
Investimento dá retorno
Em termos econômicos, apesar de possuir um custo inicial mais alto, a automação dos circuitos de iluminação, por exemplo, pode propiciar economia de energia a longo prazo. Por meio do sistema é possível acompanhar os gastos de energia e água, aquecer e iluminar apenas certos cômodos e controlar a saída de energia para outros aparelhos. Os produtos de automação nas residências podem ser implantados na instalação elétrica com facilidade, ainda que a edificação não possua uma infraestrutura específica de pré-automação.
Além da comodidade e praticidade, a automação também auxilia na acessibilidade. Tendo em vista que os objetos podem ser monitorados de forma remota, pessoas com deficiência (PcD) ou mobilidade reduzida podem viver com mais conforto e independência. Com dispositivos que cabem na palma da mão, elas podem gerenciar a entrada e a saída sem maiores complicações.
Automação sem obra e sem internet
A conexão entre objetos e a internet é o que permite o funcionamento da maior parte dos itens de uma casa inteligente. É a chamada Internet das Coisas (do inglês Internet of Things – IoT), que possibilita conectar e trocar dados com objetos do cotidiano – aparelhos eletrônicos, carros, móveis e sensores. Segundo a Associação Brasileira de Automação Residencial e Predial (Aureside), o uso de dispositivos de IoT para casas inteligentes deve crescer 20% até 2023.
Mas e se o sinal de internet cair? O sistema da Kokar, fabricante de equipamentos e sistemas de automação residencial, dispensa a internet. Essa característica proporciona maior continuidade nas operações, ainda que o sinal esteja instável no local. Os únicos processos que necessitam de internet são o acesso à residência de algum outro lugar e as atualizações automáticas.
A instalação dos dispositivos automatizados sem fio utiliza módulos. Dessa forma, segundo explicou Rainer Bolsoni, programador da Kokar, o procedimento fica mais barato pois não é necessária uma grande reforma e reconstrução do ambiente. A utilização desse sistema permite o desenvolvimento de grandes projetos com uma entrega num prazo menor.
Segundo Renan Taquetti Margon, diretor de desenvolvimento e sócio da Kokar, a proposta de construir um ambiente automatizado traz mais praticidade e comodidade para o cliente: “Automatizar a residência auxilia na economia de energia e traz a possibilidade de ligar/desligar remotamente os objetos. Nossa proposta é vender conforto”, compartilhou.