Por Américo Soares, participante da Oficina de Jornalismo realizada pelo WhitepaperDocs em parceria com o Sebrae/ES
O conceito de “Lifelong Learning”, ou Aprendizado ao Longo da Vida, reflete a ideia de que a educação não deve ser vista como um evento isolado ou limitado a um período específico, como a infância ou a juventude. Em vez disso, a aprendizagem contínua é vista como um processo contínuo e interminável, que ocorre ao longo de toda a trajetória de uma pessoa.
O mundo está em constante evolução, com avanços tecnológicos, mudanças culturais e transformações econômicas ocorrendo de forma acelerada. Nesse contexto, a busca pelo conhecimento não pode se limitar aos primeiros anos de educação formal, já que o aprendizado ao longo da vida envolve a disposição e o compromisso de continuar a adquirir novas habilidades, conhecimentos e perspectivas à medida que os desafios e as oportunidades surgem.
“Em um mundo cada vez mais dinâmico, onde as mudanças são mais constantes e impõem novos desafios constantemente, precisa ser uma prática constante. Não se trata de aprender algo novo em si, mas sobre novas formas de fazer, como aprimorar, como associar novos conhecimentos àquela prática”, destacou o head de Cultura e Comunicação da Azys Inovação, Julio Diógenes.
Esse conceito não se restringe apenas ao ambiente acadêmico. Pelo contrário, envolve a busca por aprendizado em diversas áreas da vida, como no trabalho, nos relacionamentos pessoais, na saúde e no bem-estar. Isso pode incluir a participação em cursos, workshops, leitura de livros, assistência a palestras e até mesmo a busca por experiências práticas que ampliem a compreensão do mundo.
O “Lifelong Learning” permite que as pessoas se adaptem às mudanças, mas também enriquece suas vidas, promovendo a curiosidade, a criatividade e a capacidade de inovação. Porém, esse processo contínuo de aprendizagem pode conter malefícios cognitivos, sociais e emocionais se não houver equilíbrio.
“O problema pode estar quando o sujeito acredita que obter muitas informações pode prevenir problemas, pode controlar melhor as coisas, pode estar à frente de algumas situações e isso nem sempre é verdade. O pensamento equivocado é que quanto mais conhecimento, quanto mais informação, menos problema ele terá. Ele pode pensar que quanto mais importante, mais querido ele será, mais amado, desejado, mais amparado, menos vulnerável e mais competente. Ele pode estar certo sim, até certo ponto é verdade, mas não é uma verdade absoluta”, destacou o psicólogo Hélio Júnior.
Para que a pessoa saiba reconhecer a melhor utilização para essa educação continuada, é necessário que haja um equilíbrio. Diógenes expõe como o “Lifelong learning” é importante até mesmo para reconhecer esse limite.
“O equilíbrio está em três perspectivas. A primeira é uma análise do momento. Onde eu e/ou meu negócio está? Quais contextos e problemas precisam ser resolvidos? Em um segundo momento, é a análise da porta para fora. O que está consolidado? Como aquilo que faço tem sido executado por outras pessoas? Entenda que, até aqui, a aprendizagem contínua envolve um olhar interno e externo. Além disso, como essas duas lentes se conectam. Por último, precisamos olhar para o futuro. O que se apresenta? Quais são as tendências sobre o que eu faço, como faço? Inovar, nessa análise, se consolida na capacidade de reconhecer o momento e o contexto, identificar capacidades e falhas, na busca por uma constante melhoria. Sem essas coisas, vamos viver sob algo que defino como um mar de conhecimento com um palmo de profundidade. Muito acesso a informação com pouca capacidade de transformar em conhecimento e traduzir em resultados!”, completou Diógenes.
Conhecimento em T
O termo “Conhecimento em T” é frequentemente utilizado para descrever um modelo de habilidades e conhecimentos de uma pessoa ou profissional. A metáfora visualiza o formato da letra “T”, onde o traço horizontal representa um conhecimento amplo em diversas áreas, enquanto o traço vertical representa uma expertise profunda em uma área específica.
O co-CEO do Ecossistema de Aprendizagem WIS Leonardo Carraretto expõe a importância de direcionar o aprendizado conforme as necessidades. Assim, as pessoas conseguem construir jornadas de seus aprendizados interligando os conhecimentos.
“Quando um médico aprende sobre marketing digital, ele expande as possibilidades na sua área de atuação. Então, por isso que quando a gente tem muitas vertentes diferentes, a gente consegue ter um profissional com uma visão mais ampliada, uma visão mais potente, e isso potencializa muito o Lifelong Learning”, completou Carraretto.
Em outras palavras, um indivíduo com conhecimento em T possui uma base sólida de entendimento em uma variedade de tópicos, permitindo-lhe compreender conceitos interdisciplinares e colaborar efetivamente com pessoas de diferentes especialidades. Ao mesmo tempo, eles possuem um domínio profundo em um campo específico, o que lhes permite resolver problemas complexos e inovar nessa área.
Ter conhecimento em T é valorizado em ambientes de trabalho e colaborativos, já que os profissionais com essa abordagem podem abordar desafios de maneira holística, contribuindo com perspectivas variadas e sendo capazes de se aprofundar quando necessário. Esse modelo de habilidades destaca a importância de equilibrar a amplitude e a profundidade do conhecimento, resultando em indivíduos versáteis e especializados, altamente adaptáveis às demandas do mundo moderno.