Por Karol Costa, participante da Oficina de Jornalismo realizada pelo WhitepaperDocs em parceria com o Sebrae/ES
Aumentar a diversidade e a inclusão no mercado de trabalho; reduzir as desigualdades sociais e econômicas; gerar emprego e renda; e combater o racismo estrutural. Esses são os objetivos do projeto Meninas Tech, realizado pelo Instituto Oportunidade Brasil (IOB), em parceria com o Senai/ES e a TecVitória. Trata-se de uma formação gratuita em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), com mentoria de carreira e encaminhamento ao mercado de trabalho.
Poderão participar do projeto identidades femininas pretas, pardas e indígenas, com idade entre 17 e 29 anos, que possuam ensino médio completo ou estejam concluindo em escola pública, com renda de até 1,5 salário mínimo. Para quem fez o ensino médio em escola particular, é preciso ser ou ter sido bolsista.
As aulas vão durar 12 meses e acontecerão durante a semana, sempre à noite, na TecVitória, localizada no bairro Itararé, em Vitória. As meninas vão aprender programação Front-end, que desenvolve sites com o foco no design UI (Interface do Usuário) e UX (Experiência do Usuário), e receberão vale-transporte e bolsa-auxílio.
“O Espírito Santo tem mais de 800 mil jovens entre 15 e 29 anos. Cerca de 60% deles são negros e muitos não trabalham, nem estudam. Alguns acham que não têm perfil para TI, por não terem bons celulares ou computador, ou por não se sentirem capazes. Mas nós entendemos que a tecnologia não é um sonho, e sim uma oportunidade de mudança de vida para todos”, destaca a diretora do IOB, Verônica Lopes.
No Brasil, o mercado de tecnologia é composto, na maioria, por homens brancos de classe média. A presença de mulheres neste setor é bastante reduzida, com apenas 38,6% de presença feminina, segundo o Relatório de Diversidade 2022, da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom). Considerando as mulheres pretas, essa representação é ainda menor, correspondendo a cerca de 11,6% do mercado.
Para o IOB, qualificar essas jovens é promover a inclusão produtiva, ampliando o mercado consumidor capixaba e contribuindo com a melhoria do cenário econômico e social do Estado.
“Há uma necessidade urgente de aumentar a diversidade e a inclusão na área de tecnologia, que oferece muitas oportunidades de emprego e dispõe de pouca mão de obra qualificada. O programa Meninas Tech tem exatamente esse propósito: aproveitar essas oportunidades, promovendo a diversidade e a inclusão.”
Verônica Lopes, diretora do IOB.O diretor-executivo da TecVitória, Rafael Lima, destaca o papel da incubadora no projeto e o impacto que ele vai gerar para a sociedade.
“No final desses 12 meses, as alunas vão entregar uma espécie de trabalho de conclusão de curso (TCC). A entrega pode ser um site ou um aplicativo que possa ajudar a comunidade em que elas estão inseridas. O papel da TecVitória vai ser ajudar no desenvolvimento das ideias inovadoras, fazendo com que as jovens entendam que essas ideias podem se tornar um negócio. Elas vão poder incubar os projetos na TecVitória e se inserir no mercado de trabalho”, completa.
Mutirão Meninas Tech
Para dar início ao processo seletivo, o IOB vai realizar o Mutirão Meninas Tech, hoje (21 de agosto), a partir das 18h, na Tec Vitória. O evento é gratuito, aberto ao público e tem o objetivo de apresentar e selecionar jovens para o projeto. Confira a programação:
- 18h – Recepção dos convidados e início do Credenciamento
- 19h – Palestra Carreiras e inovação: como começar? | Gabriel Torobay
- 20h – Apresentação do Meninas Tech | Verônica Lopes
- 20h30 – Inscrições
- 21h – Encerramento
Quem não participar do mutirão também poderá se inscrever para o projeto Meninas Tech direto com o instituto. Mais informações pelo telefone (27) 99299-0852 e no Instagram @institutooportunidadebrasil.
Mercado de TI
O especialista em TI do Senai/ES (instituição parceira do IOB nas turmas de TI), Edgar Monteiro, chama a atenção para a falta de profissionais qualificados no setor e para o aumento de oportunidades da área.
“Com o crescimento da digitalização, da Inteligência Artificial e, também, do home office, há muita necessidade e oportunidades de trabalho na área. Isso sem falar nas várias possibilidades de atuação dentro da TI, seja com aplicativos, sites, segurança de informação, entre outras”, afirma.
Dados da Brasscom mostram que, em cinco anos, serão criados quase 800 mil novos postos no País. No entanto, o Brasil forma pouco mais de 53 mil profissionais de tecnologia por ano, o que deve abrir um déficit de 532 mil pessoas para trabalhar na área. O salário inicial é de R$ 2.400,00.
O especialista ressalta que a falta de profissionais qualificados na área é maior entre as mulheres. “Para se ter uma ideia, de acordo com levantamento da Serasa Experian, em parceria com a ONU Mulheres, o público feminino corresponde a apenas 17% do total de programadores. Analisando esse cenário, o Senai/ES tem criado projetos para qualificar mais o público feminino em áreas promissoras, a exemplo da nossa parceria com o IOB”, completa.
Instituto Oportunidade Brasil
O IOB é uma entidade sem fins lucrativos criada em 2020, em Vitória. O objetivo é ampliar as oportunidades de um futuro promissor para jovens pretos, pardos e indígenas em vulnerabilidade social. Desde o início, contando com a parceria de voluntários, empresas e organizações, o instituto promove iniciativas de inclusão no mercado de trabalho.
Em 2023, o IOB ampliou o leque de atuação e abriu seleções para duas novas turmas: Meninas Tech e Escola de Vendas. A turma de Escola de Vendas já teve as inscrições encerradas e iniciou as aulas neste mês de agosto. Já a turma Meninas Tech terá duração de 1 ano, envolvendo o desenvolvimento de sites.
Com informações do Instituto Oportunidade Brasil.