Por Thiago Borges
O Espírito Santo encerrou o ano de 2023 com mais de 240 mil pessoas ocupadas em atividades ligadas à economia criativa. O número representa cerca de 11% do total de trabalhadores ocupados no Estado. O segmento reúne arquitetura, tecnologias da informação e comunicação, audiovisual e artesanato, entre outras especialidades profissionais.
As informações fazem parte do Boletim Economia Criativa referente ao 4º trimestre de 2023, apresentado na manhã desta terça-feira, 9 de abril, pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura (Secult). A publicação traz dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios – Contínua (PNAD-C) e acompanha o desempenho das principais variáveis do mercado de trabalho desse segmento no Espírito Santo e suas comparações com os demais estados e regiões do País. Confira o documento.
Presente no lançamento do Boletim, o secretário de Estado da Cultura, Fabricio Noronha, comentou sobre a importância da parceria entre o IJSN e a Secult para o levantamento, análises e comparações dos dados sobre o setor da economia criativa no Estado.
“É importante consolidar ações como essa e que elas permaneçam, para que a gente consiga ter esse marco de tempo, comparar e olhar para as políticas públicas e perceber os acertos e melhorias”, explicou o secretário.
De acordo com Noronha, um dos segmentos destacados no setor em 2023 foi o design, que é um dos eixos estratégicos do programa ES+ Criativo.
“A iniciativa trabalha na capacitação e formação empreendedora com o olhar voltado para a cultura e economia criativa, que também é desenvolvimento econômico e geração de emprego e renda para a sociedade”, afirmou.
Outro ponto destacado pelo secretário foi a criação da Lei de Incentivo à Cultura, sancionada em 2021 pelo governador Renato Casagrande. Segundo Fabrício, o crescimento da economia criativa nos últimos três anos no Espírito Santo está diretamente ligado ao incentivo fiscal proporcionado pela lei.
“Assim como outras matrizes econômicas e setores dependem de incentivos fiscais, o setor da indústria criativa não é diferente. Quando a gente pensa em setor, a gente não pensa em projetos isolados, estamos pensando na capacidade que o empreendedor tem de construir um novo produto, empregar pessoas, ter equipes de trabalhos constantes, e isso é profissionalização. E quando existem incentivos fiscais como é o caso dessa lei, é possível investir, capacitar e profissionalizar”.
Fabricio Noronha, secretário de Estado da Cultura
O diretor-geral do Instituto Jones dos Santos Neves, Pablo Lira, chamou a atenção para a participação criativa no total de empregos, com mais de 11% dos empregos no mercado de trabalho capixaba vinculados às atividades da economia criativa. Entre elas, se destacam áreas como arquitetura, tecnologias da informação e comunicação, audiovisual e artesanato, entre outras atividades culturais.
O Espírito Santo passou da 10ª posição no final de 2022 para o 3º lugar no 4º trimestre de 2023 no ranking nacional de pessoas ocupadas na economia criativa. Além disso, Lira apontou outros dados, como o aumento da renda no setor (R$ 2.927,97) e a redução da informalidade, que passou de 43% em 2020 para 37,4% em 2023.

“O Espírito Santo foi um dos estados que apresentou o maior crescimento nos postos de trabalho, na renda e também com foco na juventude. Os jovens capixabas estão cada vez mais engajados com as atividades da economia criativa. E é muito importante e relevante o trabalho que a Secult realiza, apoiando e fomentando esse setor, com iniciativas como o Hub ES+, que integra o circuito desse ecossistema de criatividade e inovação”
Pablo Lira, diretor-geral do Instituto Jones dos Santos Neves
Resultados
De acordo com a publicação, no quarto trimestre de 2023, 240,8 mil pessoas estavam ocupadas em atividades denominadas criativas no Espírito Santo. Isso representou um aumento de 14,8% em relação ao trimestre anterior. No balanço anual, de acordo com o diretor de projetos especiais do IJSN e doutor em economia, Antonio Freislebem, a média foi de 211.969 pessoas ocupadas no setor criativo, podendo variar de um trimestre para o outro.
Em relação ao ranking de Unidades da Federação, o Espírito Santo apresentou o 7º maior percentual de trabalhadores ocupados nos setores criativos, com 10,5%, representando o maior crescimento anual desde 2019, que tinha a média de 196.231 pessoas ocupadas no setor.
Em termos de rendimento real recebido nas atividades criativas, considerado apenas o trabalho principal, a média anual por trabalhador alcançou o valor de R$ 2.803,62, deixando o Estado na 11ª posição na comparação com as demais UFs. Segundo Freislebem, é possível perceber tendência de crescimento na melhoria de renda, causada pela qualificação dos empreendedores que estão atuando no segmento. O estudo revela ainda a tendência na redução da informalidade no setor criativo, que passou de 36,1% em 2019, para 31,4% em 2023.

Somente no último trimestre de 2023, 51,7% das pessoas que atuam em segmentos criativos no Espírito Santo são empregados no setor privado, e 38,1% trabalham por conta própria. Segundo Antonio Freislebem, a gastronomia foi o segmento que mais absorveu pessoas ocupadas na Economia Criativa, com um salto de 99 mil no 3º trimestre, para mais de 110 mil pessoas no 4º trimestre.
Em relação ao nível de escolaridade, a maioria tinha ensino médio completo (33,2%), seguido por superior completo (29,9%) e fundamental incompleto (12,9%). Quanto à faixa etária, a distribuição segue estrutura semelhante aos demais segmentos da economia: entre 30 e 39 anos (27,2%), seguida por pessoas de 40 a 49 anos (20,5%).
O destaque fica com a participação de dois grupos: jovens com idades entre 18 a 24 anos e de 25 a 29 anos de idade, representando, respectivamente, 14,8% e 16,7% do total de pessoas ocupadas no setor.
ES+Criativo
O Programa ES+Criativo, da Secretaria da Cultura (Secult), conta com a participação de 15 instituições, entre órgãos públicos, representações do sistema produtivo e universidades. O programa articula ações entre os parceiros, visando desenvolver e fortalecer a economia criativa no Espírito Santo para impulsionar o crescimento de empreendedores e negócios criativos, a cultura local e incentivar a inovação e a criatividade.
Entre as ações de capacitação técnica e de gestão realizadas, estão: as Imersões da Cultura, Curso de Capacitação de Games, Cinema e Música e Negócios, o Edital de Cultura Digital, o Hub Criativo Virtual, que realizou oficinas de economia criativa e experimental em quatro localidades do Espírito Santo, o Programa de Pré-Incubação CoCreation Lab Espírito Santo, e as três edições da Festa da Criatividade, que contou com palestras, eventos culturais, seminários, cursos online de gestão e qualificação, atrações gratuitas, oficinas e debates, ampliando assim a captação e uso dos instrumentos de fomento à economia criativa.
Outra ação de destaque é a instalação do Hub ES+, espaço de inovação que propõe experiências de espaços coworking, com investimento de mais de R$ 3,5 milhões. O Hub ES+ é um projeto que pensa num ambiente de inovação capixaba, voltado a iniciativas que atendam às necessidades da geração de negócios criativos e fortalecimento de empreendimentos. Resultado da parceria entre a Secretaria da Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional (Secti), a Secult e a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), a iniciativa faz parte do Programa ES+Criativo, do governo do Estado.
O Boletim da Economia Criativa pode ser acessado em: IJSN – Economia Criativa.