Ações de inovação e sustentabilidade são apresentadas por instituições de ensino superior no ESX 2024

Por Ana Clara Gonçalves, participante da Oficina de Jornalismo realizada pelo WhitepaperDocs em parceria com Sebrae/ES, MCI e FindesLab. 

As instituições acadêmicas do Espírito Santo estão entre os principais atores do ecossistema de inovação capixaba, contribuindo para o fortalecimento da inovação tecnológica e sustentável por meio de ações e projetos. Com o papel de formar talentos qualificados para atuar na construção de soluções de grande impacto, o ambiente acadêmico é o local propício para o desenvolvimento de ideias inovadoras: mentes criativas, com olhar curioso para o futuro, capazes de impulsionar o ecossistema capixaba. 

As instituições de ensino estão presentes em diferentes momentos da cadeia produtiva da inovação, desde a oferta de cursos que possibilitam a capacitação de novos talentos, até as atividades de desenvolvimento das pesquisas técnicas e científicas e elaboração de projetos. Os participantes do ESX 2024, realizado de 14 a 16 de junho, na Praça do Papa, pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Espírito Santo (Sebrae/ES) e pela Mobilização Capixaba pela Inovação (MCI), com correalização da Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (Fapes) e do governo do Estado do Espírito Santo, puderam conferir de perto essas iniciativas pensadas em tecnologia, cultura e sustentabilidade e desenvolvidas por estudantes de várias academias do Estado.  

Entre as instituições de ensino superior presentes no evento, estavam Faesa, Ufes, Ifes, Fucape, Unisales e Multivix, que apresentaram projetos como babá eletrônica para pais surdos, carro elétrico e um projeto na área da saúde que utiliza técnicas de infravermelho adaptadas para diagnósticos rápidos e minimamente invasivos.

Mas como esses projetos inovadores surgem nas academias e qual o papel dessas instituições no ecossistema de inovação?

O que todas as instituições e projetos têm em comum é o fortalecimento de conhecimento da base acadêmica. Nas salas de aula, laboratórios e hubs de inovação dessas instituições, ideias são cultivadas e desenvolvidas com o apoio de professores e recursos dedicados. O ESX 2024 deu oportunidade aos visitantes de observar como essas inovações podem impactar a sociedade. 

O ESX não é apenas uma vitrine de tecnologias avançadas, é uma janela para o futuro onde a educação e a inovação caminham juntas. As academias estão na vanguarda desse movimento, provando que são fundamentais no ecossistema de inovação, e essa abordagem dá um panorama claro e dinâmico de como as instituições acadêmicas do ES estão impulsionando a inovação e contribuindo para a sociedade, destacando os principais projetos e iniciativas apresentados no evento.  

Confira as iniciativas de inovação dos centros acadêmicos presentes no ESX 2024:

Faesa

Na Faesa, o espírito inovador é palpável. Entre as atrações do espaço, o carro elétrico com óculos de realidade aumentada permitiu o visitante participar de uma corrida automobilística. A iniciativa foi desenvolvida por alunos do curso de Engenharia da instituição e despertou grande interesse no público infantil e adulto. 

De acordo com a coordenadora dos cursos de Engenharia da universidade, Joice Tosta, a criação do carro elétrico exposto no ESX 2024 é um exemplo de inovação sustentável e engenharia criativa, sendo produzido com componentes reaproveitados, como tubulação de ferro velho para a estrutura. 

O projeto demonstra eficiência energética e compromisso com a redução de resíduos. “Este veículo representa o futuro da mobilidade elétrica, e também um modelo inspirador de como recursos limitados podem ser transformados em soluções viáveis e eco-friendly”, explicou.

A instituição também desenvolveu seu próprio hub de inovação: o Movimento de Inovação e Empreendedorismo (Mov.ie). O espaço foi pensado para desenvolver projetos e atividades que envolvam os estudantes, comunidade e empresas, visando gerar inovação e empreendedorismo para o desenvolvimento de ações que impactem positivamente a sociedade.

“Aqui, os alunos aprendem sobre tecnologia e inovação, e também sobre empreendedorismo e sustentabilidade”, disse Tosta.

Desde sua criação, o Mov.ie Faesa tem sido uma acolhedora de ideias, proporcionando aos alunos um ambiente ideal para o desenvolvimento de soluções que vão além da sala de aula. Segundo a gerente do Núcleo de Inovação Tecnológica da Faesa, Ellen Scopel, o hub trabalha conectando estudantes e mercado, criando oportunidades futuras: “O Mov.ie atua como um elo entre a academia e o mercado, facilitando a criação de projetos que atendam às demandas reais”, contou.

Além do uso de materiais recicláveis na criação de protótipos, outro case de sucesso desenvolvido pelo hub da Faesa com olhar sustentável apresentado no evento foi a babá eletrônica para pais surdos. 

Fucape

A Fucape não fica atrás quando o assunto é inovação. Em seu estande, a instituição estava engajando os visitantes com atividades interativas que mostram o potencial transformador da educação em gestão e tecnologia. 

“Nosso objetivo é conectar teoria e prática, oferecendo uma experiência completa de aprendizado e inovação,” disse a gestora comercial da Fucape, Camila Oliveira de Araújo. 

Araújo destacou um dos pilares desse sucesso sendo o Hub Fucape, uma incubadora de startups que se define como “um espaço criativo para pleno aproveitamento da sinergia entre o conhecimento acadêmico de excelência e as práticas de mercado”. Camila reforça o papel do Hub Fucape como catalisador de inovação, mencionando que a instituição cria soluções práticas para desafios reais apresentados por startups e empresas, preparando os alunos para o mercado.

Em essência, o hub tem o propósito de promover a fusão do mercado disruptivo com a academia de qualidade, incubando, acelerando e financiando startups ou praticando coworking ativo com pesquisadores. Além de abrigar um ambiente inovador, com células empresariais (booths), em uma estrutura ampla que inclui auditório, salas de estar e cafeteria 24 horas.

Ufes

O espaço da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) impressionou os visitantes pela diversidade de tecnologias apresentadas. Entre inteligências artificiais e carros autônomos, se destaca um GPT desenvolvido totalmente no Estado. Júnior Venturin, CEO da Aumo GPT, falou ao WhitepaperDocs sobre a importância do projeto e o reconhecimento da instituição de ensino.

“O desenvolvimento desse projeto coloca o Espírito Santo na vanguarda da tecnologia, fortalecendo nossa capacidade competitiva no mercado de inovação” )

Venturin lembra dos inúmeros desafios para construir a tecnologia que precisou ser estudada por quase três anos dentro dos laboratórios da Ufes. O trabalho apresentado no ESX 2024 é resultado de um investimento de R$ 1,5 milhão que a universidade, junto com fundos de investimento, conseguiu para adquirir o supercomputador vindo do exterior, que possui um hardware específico e possibilita treinar a IA, mesmo que ainda em pequena escala. 

Além dessa iniciativa, a Ufes destacou um projeto na área da saúde que utiliza técnicas de infravermelho adaptadas para diagnósticos rápidos e minimamente invasivos. “Utilizamos um algoritmo de inteligência artificial para transformar informações químicas em diagnósticos médicos em cerca de 20 a 30 minutos,” explicou Matthews Silva Martins, mestrando em Ciências Fisiológicas.

Esse projeto foi desenvolvido nos laboratórios do campus de Goiabeiras e recebeu apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes). “A gente entende que um trabalho multidisciplinar precisa de ajuda de vários locais diferentes, e o próprio programa de mestrado tem nos impulsionado. Além disso, nós também contamos com a ajuda de outros cursos. É um trabalho sempre multidisciplinar”, refletiu Matthews. 

Ifes

O Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) explora a interseção entre tecnologia e cultura, trazendo uma combinação única de inovação e tradição. Os alunos apresentaram projetos incentivados pela Enactus Brasil, uma organização internacional sem fins lucrativos que se dedica a inspirar jovens universitários a melhorar o mundo através da ação empreendedora voluntária.

A Enactus, ao se envolver com o Ifes, propõe o desempenho do papel de conectar o mundo corporativo com o acadêmico, criando um ambiente seguro para o desenvolvimento da criatividade dos alunos para responder às demandas sociais com negócios mais sustentáveis. Uma das iniciativas apresentadas foi o “Projeto Mulembá”, que tem a missão de divulgar, apoiar e proteger o trabalho realizado pela Associação das Paneleiras de Goiabeiras.

Nicolas Morais Gonçalves, membro da Enactus Ifes, ressaltou a importância da ação: “Este projeto resgata a memória cultural e também educa e envolve o público de maneira interativa ao conhecer os produtos das paneleiras”, explicou Nicolas. O resultado desse tipo de trabalho mostra o impacto socioambiental para comunidades, empresas parceiras, e a formação de novas gerações de líderes comprometidos em construir um mundo melhor e um País mais justo.

Unisales

Durante a exposição do Centro Universitário Salesiano (Unisales), a inovação também esteve presente. Alunos de Farmácia guiaram os visitantes na criação de óleos essenciais, enquanto outros exploravam o universo da realidade virtual de forma divertida com música e danças.

De acordo com a coordenadora do curso de Farmácia, Christiane Pereira, a manipulação de óleos essenciais e a busca por entendimento das aplicações terapêuticas proporcionam uma experiência única ao oferecer uma troca enriquecedora entre os alunos e o público. 

“Temos um curso que tenta trazer a formação técnica tradicional, voltada para farmácia e o uso de medicamentos, e a formação de práticas integrativas, que são outras formas de terapias complementares de tratamento. A gente vem tentando estimular mais essa inovação também na nossa área”, concluiu a coordenadora.

Seguindo o mesmo pensamento, a reitora da Unisales, Carmen Silva, destacou que a inovação é essencial na abordagem educativa da instituição. A universidade sempre se preocupou em praticar trabalhos para o desenvolvimento de competências especiais e tem a aprendizagem baseada em projetos que desconstroem o currículo tradicional e engessado, sem dispensar a teoria ou o currículo obrigatório. 

“Como o nosso trabalho é extremamente inovador, estamos aqui mostrando o que nós fazemos com a participação dos nossos alunos e dos professores, demonstrando para esta comunidade que está sedenta e querendo saber o que é inovação e de que forma nós trabalhamos”, ressaltou a reitora. 

Por fim, Carmen relembra que possuem um programa de empreendedorismo e inovação com o objetivo de facilitar o sucesso dos projetos desenvolvidos no âmbito acadêmico, como empreendimentos inovadores, transformando-se em projetos reais aplicáveis no mercado de trabalho.

Multivix

A Multivix levou inovações no campo da publicidade e propaganda, com vídeos gerados por inteligência artificial e experiências de realidade aumentada. Luiz Felipe Macena, coordenador do curso de Publicidade e Propaganda, afirmou que a faculdade está no ápice da tecnologia aplicada à comunicação, oferecendo aos visitantes uma visão de como será o futuro do marketing que está sendo desenvolvido por seus alunos. 

O coordenador explicou que além dos eventos de tecnologia e inovação que a instituição normalmente participa, eles possuem projetos internos, fomentados na área educacional, como uma feira de profissões que serve de vitrine para atrair novos alunos para conhecerem todos os projetos que são desenvolvidos.

“Reconhecemos a importância de fazer parte desse ecossistema de inovação, não apenas para nós como instituição, mas principalmente para atender à comunidade, que é o grande foco na Multivix”, pontuou Macena. 

O estudante Thiago Mozzer expressou seu entusiasmo com o evento: “Gostei do estande da Multivix, a interação com o robô e com os óculos de realidade virtual, bastante legal”, comentou. Sobre a importância do ESX para a promoção da inovação, o jovem completou: “Acho fundamental a existência de eventos como esse porque fazem com que a sociedade tenha uma visão mais ampla de como a tecnologia está mudando a educação no mundo”. 

ESX 2024 

O Espírito Santo Innovation Experience – ESX 2024 foi realizado entre os dias 14 e 16 de junho, na Praça do Papa, em Vitória, pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Espírito Santo (Sebrae/ES) e Mobilização Capixaba pela Inovação (MCI), com correalização da Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (Fapes) e do governo do Estado do Espírito Santo.

A quarta edição do evento foi marcada por conexões entre startups, ambientes de inovação, investidores, academias, grandes empresas, iniciativas governamentais e demais pessoas interessadas no ecossistema de inovação capixaba, que tiveram, ao longo dos três dias de conversas, intercâmbios de ideias, networking, oportunidades de negócios e investimentos.

Com mais de 20 mil visitantes, o ESX 2024 apresentou discussões das principais tendências de transformação com mais de 100 horas de conteúdos e 130 palestrantes nacionais e internacionais.