Por Joanna Ferrari e Thiago Borges
O Espírito Santo possui 59.824 empresas ativas no segmento do turismo, o que corresponde a 11,45% das empresas do Estado, abrangendo uma grande diversidade de negócios como bares, restaurantes, artesanatos, agências de viagens, serviços de transportes, campings e hospedagens. E a expectativa é que o número de empresas ligadas ao setor cresça 30% até 2026, gerando 90 mil empregos – atualmente, são 195.510 pessoas ocupadas com atividades do turismo no território capixaba.
Os dados são do Relatório de Turismo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/ES), que apresentou o segmento como sua prioridade estratégica e que tem como objetivo posicionar o Espírito Santo como um dos principais destinos turísticos do Brasil. Para isso, irá investir R$ 50 milhões em recursos próprios entre 2024 e 2026 em programas de capacitação voltados para microempreendedores individuais, microempresas e empresas de pequeno porte neste segmento.
O estudo revela a expressividade dos pequenos negócios para a atividade turística no Estado. Atualmente, das 59.824 empresas ativas nesse segmento no Espírito Santo, 74,68% são microempreendedores individuais e 20,7% são microempresas. Para conferir o Relatório de Dados do Segmento Turismo na íntegra, clique aqui.
Turismo como setor estratégico
O relatório é uma consolidação dos passos dados pelo Sebrae/ES em favor do desenvolvimento turístico ao longo dos próximos anos e mostra o diagnóstico atual e o ponto de partida para o acompanhamento das metas em índices como número de empresas, de empregados, de atrações e atividades, além de receita, categorização dos municípios e tendências para o setor.
O superintendente do Sebrae/ES, Pedro Rigo, explicou que o propósito estabelecido para a atuação da entidade é transformar territórios impulsionando vocações, e a prioridade estratégica de investir no Turismo está ligada ao potencial que a atividade tem de se transformar em uma das principais matrizes econômicas do Estado.
“Diante do desafio da Reforma Tributária, que será regulamentada nos próximos anos, novas matrizes econômicas terão que se apresentar na economia capixaba. O Sebrae entende esse momento que o Espírito Santo está vivendo e definiu em seu planejamento a prioridade para o turismo pelo seu potencial”, afirmou.
Além de aumentar em 30% o número de empresas ligadas ao turismo, entre as metas estabelecidas para os próximos anos estão ainda saltar de 33 para 500 o número de produtos de turismo de experiência; aumentar em 50% o número de operadoras nacionais ofertando regularmente pacotes turísticos do Espírito Santo; e aumentar a taxa de ocupação hoteleira em 50% até novembro de 2026.
O projeto de transformar o turismo capixaba em referência nacional envolve ainda governo do Estado, municípios e entidades como Fecomércio, Senac e Câmara Empresarial do Turismo, entre outras. E a integração deve vir também dos empreendedores do segmento. Para isso, o Sebrae tem o papel de articular a conexão entre diferentes empreendimentos das regiões para que a colaboração se efetive.
“Não se faz turismo com uma atração única. O trabalho é para que o turista fique pelo menos quatro dias em uma região, e para isso é preciso que todos os empreendimentos daquele local estejam integrados e trabalhem juntos no fortalecimento da atividade. O Sebrae/ES está rodando todo o Estado promovendo conversas e integração entre entidades, empreendedores e também a comunidade, porque se a comunidade não abraçar o turismo em determinada região, ele não acontece. Além disso, vamos realizar cerca de 135 mil atendimentos com empreendedores para além de envolvê-los no ecossistema, trabalhar com essa visão estratégica de atuação e ocupação territorial”, completou Rigo.
Vocação por território
O mapeamento apontou a vocação em cada território do Estado, identificando os potenciais para agroturismo, turismo de aventura, turismo de sol e praia, turismo de experiência, turismo místico, turismo gastronômico, ecoturismo, turismo histórico e cultural e turismo religioso. A surpresa foi a vocação turística de toda a faixa oeste do Estado, na divisa com Minas Gerais, para o ecoturismo e turismo de aventura.
“Ficamos surpresos quando fizemos o mapeamento e nos deparamos com uma região do Caparaó até Ecoporanga apresentando um potencial fantástico do turismo de aventura. O estudo ajudou a entender a capacidade do Estado de ofertar tantas oportunidades e onde elas estão”, disse Rigo.
Turismo de experiência
De acordo com o relatório do Sebrae, o turista que viaja pelo Espírito Santo deseja escapar da rotina e viver algo fora do cotidiano, como experimentar novos sabores, mergulhar em culturas diferentes, se envolver com a comunidade local e criar memórias, aprendendo e experimentando coisas novas e sentindo emoções ao longo das viagens.
Segundo Pedro Rigo, o Sebrae/ES ficou responsável a nível nacional de ser o Polo Nacional de Turismo de Experiência, criando metodologia e desenvolvendo toda inteligência do setor. “É uma modalidade nova que precisa ter metodologia e inteligência. Estamos há dois anos trabalhando esse desafio e desenvolvendo com toda a técnica do sistema Sebrae. Hoje temos 32 empreendimentos no turismo de experiência formatados e funcionando no ES, e nosso objetivo é chegar a 500 empreendimentos”, contou o superintendente do Sebrae/ES.
Dentro dessa estratégia está a inauguração em breve do primeiro Polo Nacional de Turismo de Experiência no distrito de Pindobas, em Venda Nova do Imigrante, conectado com a cultura italiana. “Foi inspirado em toda a história da imigração italiana em Venda Nova, nossa capital nacional do agroturismo. Ali foi construída a primeira igreja da região, também está localizado o casarão da família Scabello, que tem 270 anos, e vestígios de toda uma história que gostaríamos de resgatar por meio desse novo distrito”, explicou.
Divisão do setor no ES
A região metropolitana tem o maior número de empreendimentos da cadeia do turismo, com 29.895 negócios. Em seguida vem a região Sul, com 10.291 empreendimentos ligados ao setor, e a região Central, com 9.312. O nicho dominante é o de alimentação – mais de 70% das empresas ativas no segmento no Estado atuam no ramo de alimentos.
Emprego formal no setor
Em relação às pessoas ocupadas no setor, 80% atuam em micro e pequenas empresas, enquanto os outros 20% atuam em médias e grandes empresas. Dessas pessoas, 31.772 estão com vínculos empregatícios em atividades características do turismo ligadas ao segmento de alimentação, o que equivale a 70% do total, seguidos de 4.711 no segmento de alojamentos e 4.033 com trabalhos de transportes terrestres.