Empresas criam programas, entidades modernizam estatutos e países alteram leis e até constituições para permitirem mais participação e se adaptarem a uma nova realidade.
As instituições estão sendo pressionadas. Em um universo em franca transformação, a população acompanha o ritmo das mudanças e cobra o mesmo de empresas, entidades e governos. Esse ambiente complexo tem muito a ver com os avanços tecnológicos, mas não se resume a eles.
Muitas entidades estão engessadas por estatutos ultrapassados, muitos países não conseguem competir em alto nível por causa de leis que não fazem mais sentido nos dias de hoje, muitas empresas não evoluem em governança devido a uma burocracia estabelecida há décadas. Nesse cenário, por pressão popular ou necessidade de se manter competitivo, presenciamos uma onda de mudanças em estatutos, leis e até constituições.
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A Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) iniciou, em 2018, um processo de modernização e fortalecimento da governança, estrutura organizacional e sistemas de gestão. O foco é em agilidade, resolutividade e transparência. Entre os avanços, já foi aprovado um novo Código de Ética do Sistema Findes e uma cláusula anticorrupção foi inserida nos contratos. Também foi implantado um Comitê de Reforma do Estatuto.
EXEMPLO DO FUTEBOL
Um exemplo de sucesso vem do Esporte Clube Bahia, que aprovou um novo estatuto em 2013: reduziu para uma o número de vice-presidências da Diretoria Executiva; reduziu de 300 para 100 o número de membros do Conselho Deliberativo; e adotou a ficha limpa para todos os cargos.
Mas a mudança mais significativa foi que os sócios ganharam direito a voto direto para eleger o presidente e o Conselho Fiscal. Isso garantiu participação na construção de um clube inclusivo e democrático, que se reflete dentro e fora de campo.
O Bahia é o único clube brasileiro a ter um departamento de ações afirmativas e se destaca com iniciativas como camisa a preço popular; a Ronda Maria da Penha em seu estádio, para proteger as mulheres; e o posicionamento sem meias palavras contra intolerância religiosa e política, machismo, homofobia e racismo.
NOS GOVERNOS
As reformas estão chegando também aos governos, para garantir agilidade em tomada de decisões, competitividade e adaptação a novos tempos no mercado de trabalho, por exemplo. O Brasil modernizou recentemente suas leis trabalhistas e reformou a Previdência.
Outro motivo para rever as leis é a pressão popular, como no Chile: uma das principais exigências dos protestos que ocorrem no país é a realização de uma assembleia constituinte. E recentemente o presidente, Sebastián Piñera, anunciou o processo para reformar a Constituição, que ainda é a herdada pela ditadura de Augusto Pinochet.
TRANSFORMAÇÃO
Nas empresas, o movimento que se vê é da implementação de programas de transformação. Muitas estão criando departamentos e diretorias de transformação, como uma resposta às exigências do mercado moderno, voltadas especificamente para adaptar seus processos e implementar inovações.
A onda da transformação está presente em todos os níveis e mudar é uma necessidade, não uma opção.