Consultora acredita que a nova realidade faz com que as pessoas aprendam novas maneiras de se relacionar. Segundo ela, é importante manter uma ética do dia a dia.
Meses se passaram desde o início da pandemia, e as adaptações cotidianas, antes provisórias, se estabelecem a cada dia como realidade. A expressão “novo normal” está em toda parte, como um termo oficial para definir o estilo de vida que gradativamente se instala. Diante desse cenário, num misto de resignação e adaptação, o cidadão tenta encontrar o melhor caminho para encarar o desafio.
“A pandemia veio para apressar a realidade digital, e todo mundo saiu aprendendo pelo meio do caminho. Acho que a maioria está na mesma sintonia. Vamos caminhando, que no caminho a gente vai aprendendo. Vejo que a vida é relacionamento, e devemos observar como as coisas estão funcionando para agir em direção a essa mudança”, analisa a consultora de comportamento e relacionamento, Luciana Almeida.
Aos poucos, novos códigos de relacionamento vão surgindo. “A etiqueta é a pequena ética do dia a dia. É importante que esteja presente para que possamos construir uma imagem mais positiva e mais comprometida em tempos de reuniões remotas, aulas, lives”, diz Luciana.
Em quarentena e trabalhando em casa, o indivíduo precisa estar atento para não deixar que a informalidade vire desleixo. Neste momento, a preocupação com a imagem que se quer transmitir deve ser levada em conta. Na hora da videochamada com a equipe do trabalho, alguma organização, uma boa luz e o cuidado com os cenários de fundo podem demonstrar o comprometimento do colaborador.
“A escolha do ambiente [numa videochamada] é muito importante para que a se crie essa conexão com o profissional, para que a gente dê essa conotação. Procure um espaço em casa que tenha um fundo, uma parede, uma cortina, uma janela – desde que a luminosidade não atrapalhe. Busque algo que delimite a área para diminuir o fluxo de pessoas, assim você já cria um ambiente mais preservado. Muitos usam estantes como fundo, uma parede com uma tela, como parte de um cenário”, detalha a consultora.
Já o cuidado com a aparência cria uma linha imaginária entre o externo e o interno. Fazer a barba, colocar uma maquiagem leve, e escolher uma roupa apresentável são atos que ajudarão a delimitar o horário de trabalho. A ideia é que o comportamento no online seja semelhante ao do ao vivo. Mesmo que a vida em home office venha a se consolidar como um hábito pós-pandemia, é importante continuar se apresentando como a ocasião exige e não relaxar.
“Para se apresentar bem não é preciso usar terno, mas se a reunião é de negócios, um blazer pode passar a imagem de seu comprometimento para com a reunião. Quando nos preparamos para uma reunião, nos arrumamos, e preparamos também o cérebro. Uma boa postura dá mais confiança e ajuda a desenvolver melhor suas ideias”, aponta Luciana.
Nas videochamadas com a equipe de trabalho, a dica é tentar não ficar de fora da conversa, fazer-se presente. Segundo a consultora, a câmera pode ficar desligada apenas em casos de extrema necessidade e com justificativa. “A presença é indispensável, a não ser que realmente você tenha uma boa desculpa. Não aparecer parece um descaso, demonstra um certo desinteresse, falta de comprometimento. Muito cuidado: às vezes você some por muito tempo e as pessoas não percebem que você não está lá. Como no mundo real, a conversa não pode ser substituída”.
Empatia
Para Luciana Almeida, este é o tempo da empatia, principalmente no que diz respeito aos posicionamentos dos chefes. “Nesse novo tempo, uma característica que o líder deve ter é a empatia. Vejo que muitas pessoas estão tendo dificuldades para enfrentar esse impacto e cada um reage de um modo às pressões da vida. Entendo que o chefe que se coloca à disposição, com uma mensagem que seja, abre o canal. O colaborador se sentir acolhido faz muita diferença. É o momento de as pessoas estarem mais próximas”.
Demonstrar preocupação e empatia pelos colegas, amigos e familiares pode significar muito nesse período de isolamento. “Todo mundo está passando por uma fase difícil. Todos temos dias nublados, e é tempo de mostrar que a gente se importa, procurar saber o que o outro está passando, está sentindo. Está na hora da solidariedade. Sempre podemos fazer alguma coisa por alguém”, salienta.