Por João Vitor Castro, participante da oficina de Jornalismo Innovation Writing, realizada pelo WhitepaperDocs em parceria com Sebrae-ES, Sicoob e Hub Fucape.
Uma das frases mais escutadas durante as palestras do ESX 2021 – Espírito Santo Innovation Experience, o maior evento de inovação do Estado, foi: “entre uma ideia e uma nota fiscal há uma série de etapas”. E um dos atores do ecossistema de inovação que tem o papel de auxiliar ideias inovadoras e se transformarem em startups com alto potencial de crescimento são os hubs, espaços onde empreendedores se agrupam, debatem com especialistas da área e pesquisadores e desenvolvem métodos para tornar suas ideias cada vez mais viáveis, até estarem prontas para sair do papel e virarem negócios de fato.
No Espírito Santo, um dos principais atores desse ecossistema é o Hub Fucape, inaugurado em 2020 como iniciativa da Fucape Business School. O professor Aridelmo Teixeira, um dos fundadores da escola de negócios, considera que o Hub é uma “tecnologia nova para melhorar o ambiente de aprendizado dentro do sistema Fucape de ensino”.
Aridelmo explica que, de acordo com pesquisas recentes, no momento em que as startups se tornam de fato empresas, os empreendedores param de se envolver diretamente com o produto ou serviço e passam a se concentrar em diversas outras áreas da administração, o que as faz perder foco e tração. Já no Hub Fucape, além do aporte financeiro de até 100 mil para as startups incubadas, ela é desenvolvida em conjunto com professores e alunos da instituição, que oferece cursos da graduação ao doutorado nas áreas de Contabilidade, Administração e Economia. Assim, os empreendedores iniciais têm a disponibilidade para concentrar-se no produto para viabilizá-lo e adaptá-lo o suficiente, enquanto recebem consultoria especializada para a gestão do negócio.

Como exemplo, Aridelmo cita o planejamento estratégico da startup Unit, de soluções financeiras: “Foram divididos 11 grupos de alunos, cada grupo foi ao mercado com as técnicas de planejamento estratégico e, em contato com a empresa, construíram a sua forma de ver o planejamento. Com base em todos esses projetos, a gente fez uma consolidação e a Unit ganhou o planejamento estratégico dela de longo prazo todo formado com base em pesquisas de mercados, consultoria dos professores e auxílio dos alunos”, conta.
Além disso, o professor enfatiza que, para os alunos, essa é uma oportunidade ímpar, porque eles estão planejando a realidade do negócio e vão acompanhar a execução do planejamento mensalmente, se reunindo com a empresa. “É planejamento real dentro da sala de aula”, conclui.
Além da Unit, outras startups que estão passando ou já passaram pelo Hub Fucape são a Grupfy, uma plataforma para gestão de comunidades; a ReurBR, para regularização fundiária; e a Kaizen, voltada para o setor comercial online, entre outras. No total, são 11 startups em funcionamento que já receberam aporte financeiro da Fucape e já estão faturando.
O Hub Fucape tem um planejamento desenvolvido para estar, até julho de 2022, em três outras unidades da Fucape Business School: Belo Horizonte (MG), São Luís (MA) e Distrito Federal. Além disso, até 2024 a Fucape planeja estar presente em todos os 26 estados da federação, além de Brasília. “Todos os estados e o DF estarão conectados no maior hub de inovação do Brasil”, projeta o fundador.
Diversidade
Aridelmo Teixeira defende que a diversidade é um ingrediente fundamental na inovação. “Nós teremos não só os capixabas conectados aqui no Hub, mas o Brasil inteiro, ou seja, 27 culturas diferentes interagindo em tempo real, porque todos esses lugares têm salas de videoconferência e todas as empresas poderão estar trocando experiências e ajudando uma à outra a expandir no seu respectivo Estado”, explica.
Sobre o ESX, que o professor visitou na manhã de sábado, ele comentou: “O que eu fiquei bastante animado foi com a diversidade do público. Estamos conseguindo mesclar aqui as experiências de pessoas jovens que estão começando a empreender, como também de muito cabelo branco circulando aí. Eu acho que essa é a fórmula do sucesso”, aponta.
Para ele, vivemos um momento de transição em que o melhor aproveitamento é o que conseguir agregar o melhor dos dois mundos, “o já consolidado e o novo que se apresenta”. “Ver aquela circulação no mesmo espaço, no mesmo ecossistema, nos dá confiança de que está entrando na corrente sanguínea do capixaba o gosto pela inovação”, conclui.