Por Gabriela Brito.
Executar uma grande ideia inovadora, com a possibilidade de revolucionar a indústria 4.0, é uma iniciativa que pode render bons resultados. No entanto, tirá-la do papel não é fácil: demanda planejamento, organização e, principalmente, um volume de capital considerável, visto que as despesas operacionais para desenvolver uma tecnologia inovadora não são poucas.
Em muitos casos, os recursos são originários do próprio empreendedor, mas também é comum que investidores apliquem o capital financeiro em empresas inovadoras que estão em fase inicial. Isso porque há dois importantes atributos que caracterizam as startups: a escalabilidade e o faturamento desvinculado do custo, o que dá a este tipo de empreendimento a grande chance de gerar um retorno significativo.
Buscar capital para empreender no seu negócio é desafiador, mas é essencial para ganhar visibilidade e maximizar os resultados. Por isso, o WhitepaperDocs elaborou um guia com as principais categorias de investimentos que devem ser levadas em consideração ao buscar por aporte financeiro.
Bootstrapping
Inicialmente, nem sempre é possível contar com o investimento externo. Por causa disso, o bootstrapping costuma ser o primeiro passo dos investimentos. Trata-se de quando os empreendedores investem os próprios recursos para desenvolver a ideia, sem o apoio de fundos de investimento.
Quase todas as empresas iniciantes começam com um bootstrapping até conseguirem um investimento maior. Apesar de parecer arriscado, empresas referências em seus mercados de atuação, como Microsoft e Dell, foram criadas por meio de bootstrapping.
Investimento-Anjo
Nos anos 1920, o termo “angel investor” ou “business angel” foi criado nos Estados Unidos para designar os investidores que bancavam os custos de produção das peças da Broadway. Hoje, este termo é utilizado para definir os investidores que apoiam negócios iniciantes, fornecendo não somente capital financeiro, mas também intelectual – o famoso smart-money.
Assim como os investidores da Brodway, os investidores-anjos assumem riscos altos e apoiam o desenvolvimento inicial, participando de um alto retorno financeiro no futuro. Esse tipo de investidor, geralmente, busca por empresas com alto potencial de crescimento. O investimento pode vir a ser feito com outros investidores, em rodadas de aporte que podem chegar a montantes mais altos, variando em média de R$ 50 mil a R$ 600 mil.
No Espírito Santo, os interessados nesse tipo de investimento podem buscar pela Azys, uma aceleradora que busca potencializar negócios inovadores.
Capital semente (Seed)
Também conhecido como “seed money”, esta categoria de investimento é destinada às empresas em estágio inicial, mas que já têm as suas atividades lançadas no mercado. Assim, o capital semente visa apoiar as startups em fase de implementação e organização de operações.
Geralmente, os recursos são destinados na capacitação gerencial e financeira do negócio, entre outras funções que vão ajudar a acelerar o modelo de negócio. Nessa modalidade, os investimentos podem variar bastante de valor. Em média, são investidos entre R$ 300 mil a R$ 2 milhões.
Esta categoria tem mais a ver com o tamanho do recurso do que, necessariamente, uma instituição específica. A Apex Partners é uma das instituições que realizam aportes deste tamanho no Espírito Santo.
Private equity
Um fundo de Private Equity pode ser uma boa escolha quando a empresa necessita de investimento para dar um salto de crescimento ou expandir. Neste caso, o empreendedor abre mão de parte da empresa e permite que os investidores envolvidos participem ativamente do plano de gestão.
Pode não parecer um bom negócio para o empreendedor, mas o valor envolvido pode chegar a mais de R$ 30 milhões. Além disso, este tipo de investimento consegue maximizar os resultados e impulsionar o negócio para que as grandes ideias sejam transformadas em realidade.
No Espírito Santo, tanto a Apex Partners quanto a Azys se encaixam nesta categoria, visto que todo tipo de capital privado é Private Equity.
Venture Capital
A modalidade de investimento visa empreendimentos de até médio porte que possuem alto potencial de crescimento, mas ainda têm baixo faturamento. Também conhecida como capital de risco, este investimento visa não só injetar capital na empresa para ajudá-la a crescer, mas também influenciar no andamento e na gestão do negócio.
O risco se dá pela aposta em empresas cujo potencial de valorização é elevado. Ainda assim, o retorno esperado é idêntico ao risco que os investidores correm.
O objetivo desse tipo de investimento é contribuir na criação de valor para a futura venda de participação acionária na empresa. Com investidores mais experientes e profissionais, esse tipo de aporte é mais comum em startups com modelo de negócio com alta escalabilidade. No Estado, essa categoria de aporte também pode ser fornecida pela Apex Partners e pela Azys.
Venture Building
Este modelo de investimento também é chamado de fábricas de startups, e não leva esse nome à toa. A categoria mescla características das incubadoras, aceleradoras e venture capital, e visa não apenas criar um produto, mas construir um negócio, auxiliando, assim, não só na captação de recursos financeiros, mas também no planejamento estratégico e estrutura física.
Na maioria dos casos, a participação de uma Venture Builder é grande, podendo chegar em até 80% da estrutura acionária na fase inicial. Geralmente estão ligadas a organizações que possuem como objetivo produzir novas empresas, através de uma metodologia específica.
No Estado, ainda não há instituições renomadas que oferecem este tipo de aporte.
Editais
Uma outra possibilidade de conseguir um financiamento para startup é buscar por editais de fomento à inovação. Geralmente, instituições públicas promovem este tipo de incentivo com o objetivo de colaborar com projetos inovadores que garantam algum retorno positivo para a sociedade. Se o projeto contempla ações que favoreçam o meio ambiente, por exemplo, ou combate à desigualdade, vale a pena ficar de olho neste tipo de oportunidade.
Um exemplo são os editais do governo do Estado do Espírito Santo que, por meio da Secretaria de Gestão e Recursos Humanos (Seger), da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação (Fapes) e da Associação Brasileira de Startups (ABStartup), promovem o Edital de Chamamento Público do Programa Pitch Gov.ES.
As bolsas contemplam propostas para desafios relacionados às áreas de educação, saúde, segurança pública, infraestrutura e mobilidade urbana, desenvolvimento econômico sustentável, gestão pública, impacto social e cultura, entre outros.
Mesmo que o projeto não se encaixe exatamente em uma dessas categorias, é sempre válido se atentar aos diversos Editais que são promovidos pela Fapes.
Aceleradoras
Existem no mercado instituições que auxiliam as startups a encontrar o modelo de investimento ideal. A Stars Aceleradora, por exemplo, oferece ao empreendedor um plano de aceleramento pensado individualmente, considerando a maturidade da Startup, do produto/serviço e dos resultados.
De acordo com Guilherme Osellame, gestor de comunicação e relacionamento com investidores da Stars, a aceleradora possui como diferencial o trabalho a quatro mãos com as startups em aceleramento. “Tem um ponto que eu acho muito bacana. Os nossos investidores são pessoas da economia real. São empresários, pessoas de sucesso e lideranças que estão na ponta. Então eles sentem a dor de mercado”, acrescentou o gestor, destacando a importância, também, do smart-money.

A Stars foi criada no Rio Grande do Sul em 2018 e, desde então, foram mais de R$12 milhões captados, conectando uma rede de mais de 200 investidores e mentores no Brasil. No momento, 11 startups estão sendo aceleradas. “A gente já tem um histórico e já tem uma reputação de mercado. Além de um relacionamento muito bem estabelecido com fundos e com empresários no Brasil”, explicou o gestor.
Além de um aporte financeiro direto inicial de até R$ 300 mil, com possibilidade de follow-on no investimento com recursos da própria Stars e parceiros, a Stars fornece apoio de gestão, mentorias e treinamentos em diferentes áreas.