Por Nicolas Nunes, participante da Oficina de Jornalismo realizada pelo WhitepaperDocs em parceria com o Sebrae-ES
O transporte público é o deslocamento mais prático e acessível para a maioria dos brasileiros, mas as rotas nem sempre entrega o usuário ao seu destino final, criando massas que precisam transitar por quilômetros a pé em rodovias, ruas ou ladeiras. Também não é a solução mais prática para quem precisa se deslocar rapidamente entre um compromisso e outro e não pode esperar o ônibus chegar ao ponto.
Enxergando carências na oferta de meios de transporte tradicionais, como táxis e ônibus, Garret Camp e Travis Kalanick criaram uma plataforma que permitia solicitar carros para facilitar a locomoção em grandes centros urbanos, e assim nasceu a Uber. O aplicativo foi fundado em 2009, na Califórnia, mas já se adequou à realidade brasileira desde que chegou por aqui, em 2014, na cidade do Rio de Janeiro, se expandindo para 100 cidades durante os sete anos de operação no Brasil.
Entre março de 2019 e agosto de 2020, a quantidade de brasileiros que pediram corrida de carro ou táxi por aplicativo aumentou 7 pontos percentuais, sendo que a Uber é a opção favorita, de acordo com o panorama publicado pela Mobile Time/Opinion Box.
De lá para cá, iniciativas regionais de corrida por aplicativo surgiram no Espírito Santo, como o Anjo Drive. O aplicativo foi lançado em junho de 2021 e, atualmente, conta com 3,2 mil motoristas registrados. Em entrevista ao WhitepaperDocs, Claudionor Borges, CEO e fundador do Anjo Drive, afirmou que a criação surgiu com o propósito de melhorar o atendimento de passageiros e motoristas de aplicativos de corrida.
“O Anjo Drive assume um compromisso com o passageiro de não cancelar corridas, e assim entrega um atendimento de qualidade. Os motoristas parceiros conseguem ver a foto e o número de viagens realizadas pelo passageiro, a origem da viagem e até o destino final, parâmetro que não é disponibilizado por outros aplicativos”, afirmou Claudionor.
A empresa tem sede em Cariacica e opera totalmente por meio de aplicativo. Ainda segundo o CEO, o Anjo Drive “terá muitas novidades entre setembro e outubro, apresentando um novo jeito de trabalhar com aplicativo que irá dinamizar o mercado capixaba”.
A vida melhorou para moradores de regiões periféricas, mas ainda há chão a trilhar
“Eu tinha que sair de casa e andar 15 minutos até chegar à Rodovia Carlos Lindenberg, para então pegar os ônibus que circulavam nos principais terminais”. O relato é de William Caldeira, morador de Jardim Marilândia, bairro localizado na região 3 de Vila Velha.
Apesar de considerar que o sistema de transporte público da região metropolitana da Grande Vitória entrega bons resultados, o fotógrafo de 25 anos diz que já viveu transtornos devido à falta de alternativas.
“Lembro de uma época que os horários das linhas de ônibus não eram sincronizados, e isso já me atrapalhou. Os aplicativos de corrida proporcionam mais tempo para que eu me prepare para meus compromissos, e também consiga lidar com eventuais atrasos. Eu nem lembro mais como era a minha vida antes dessas iniciativas”, contou.
A melhoria na mobilidade urbana é uma realidade na vida de pessoas que vivem em regiões periféricas do Brasil, mas o avanço deve continuar.
Usufruir de um transporte público de qualidade, ou embarcar em uma corrida na porta de casa, sem que o aplicativo rotule determinada região como zona de risco, é um direito, afirma William.
“O primeiro passo para melhorar a mobilidade urbana é reavaliar o conceito de zona de risco. O bairro onde moro, por exemplo, é uma área residencial como qualquer outra. Claro que existem locais violentos e bairros que têm os acessos fechados por criminosos, mas é necessário analisar os dados relativos à segurança pública antes de rotular uma região como zona de risco só porque o local é periférico”, pontuou.
Travessia da principal ponte do ES ganhará melhoria com Ciclovia da Vida
Assim como a disseminação dos carros de corrida por aplicativo, a ampliação das ciclovias na Grande Vitória transformaram o cenário da mobilidade nos últimos anos, interligando as principais avenidas da capital e permitindo o deslocamento seguro de ciclistas entre bairros. A próxima grande transformação será a inauguração da aguardada Ciclovia da Vida, que vai interligar Vitória a Vila Velha por meio da Terceira Ponte e tem prazo para conclusão em maio de 2023.
O projeto da ciclovia e ampliação da Terceira Ponte é realizado pela Secretaria de Estado da Mobilidade e Infraestrutura (Semobi), que calcula um investimento de R$ 127 milhões na obra, que já tem 65% da execução completa.
Fábio Damasceno, secretário de Estado da Mobilidade e Infraestrutura, afirmou que um elemento turístico também será agregado à principal ponte do Estado com a instalação de dois mirantes no vão central da travessia, para a contemplação da baía de Vitória.
“O conjunto de intervenções traz também a melhoria para veículos que passam pela ponte, por meio da inclusão de mais uma faixa de rolamento em cada sentido, exclusiva para o uso do transporte público e veículos de serviço”, explicou o chefe da pasta.
Números da obra:
Extensão total da Terceira Ponte: 3.339 metros
Largura atual do tabuleiro da Terceira Ponte: 18,3 metros
Largura do tabuleiro da Terceira Ponte após as intervenções: 19,5 metros
Largura do tabuleiro da Terceira Ponte + Ciclovia da Vida: 25,5 metros
Quantidade de faixas de rolamento atualmente: 4
Quantidade de faixas de rolamento após as intervenções: 6
Número aproximado de funcionários no pico da obra: 240
Quantidade de aço da estrutura metálica: 3 mil toneladas
Valor do investimento: R$ 127 milhões
Prazo de execução: maio de 2023