Por Ana Clara Gonçalves, participante da Oficina de Jornalismo realizada pelo WhitepaperDocs em parceria com Sebrae/ES, MCI e FindesLab.
Mulheres que atuam na tecnologia destacam a dificuldade em serem ouvidas e respeitadas, tanto na universidade quanto na trajetória profissional. A importância da representatividade feminina no setor de tecnologia, os desafios enfrentados por elas na área e as estratégias para superá-los foram tema do painel “Women in Tech: O Poder das Mulheres na Tecnologia”, que reuniu Vanessa Müller Leite, conselheira do Instituto Ladies In Tech; Luana Wandecy, CEO e fundadora da Blindog; e Susiléa Abreu, professora da UVV, no segundo dia de ESX 2024.
O evento está sendo realizado até domingo (16 de junho), na Praça do Papa, em Vitória, pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Espírito Santo (Sebrae/ES) e pela Mobilização Capixaba pela Inovação (MCI), com correalização da Fundação de Apoio à Pesquisa do Espírito Santo (Fapes) e do governo do Estado do Espírito Santo.
“O maior problema que a gente tem na tecnologia é que as mulheres não são escutadas”, observou a engenheira de computação Luana Wandecy, ressaltando a importância de ter persistência e resiliência.
Susiléa Abreu destacou a necessidade de maior representatividade feminina desde a educação até o mercado de trabalho tecnológico. “A representatividade é pequena no Brasil e no mundo, desde a educação até a tecnologia, o que gera problemas maiores porque a tecnologia e a inovação são a força motriz do mundo”, afirmou a professora.
Abreu também mencionou que iniciativas como o projeto Tech Girls, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), têm sido fundamentais para encorajar meninas a ingressarem no campo da tecnologia.
Vanessa Müller Leite abordou a questão da discriminação estrutural enfrentada pelas mulheres no setor tecnológico. “São questões sutis como questionar se você tem certeza ou não te dar oportunidade de fala, mas que no fundo são formas de intimidação”, completou.
A conselheira contou ainda que tenta ao máximo aplicar vagas afirmativas para mulheres em sua empresa, mas esbarra com o desafio de encontrar essas profissionais, já que os cursos de tecnologia nas universidades ainda são majoritariamente ambientes masculinos. Ela frisou que o machismo é um problema estrutural e educacional e é preciso atenção a essas questões para mudar esse cenário.
Luana Wandecy compartilhou uma experiência pessoal desde a graduação até a criação da startup Blindog. “Os professores tentavam fazer os alunos mais humildes e as mulheres desistirem por meio de humilhações diárias para desanimar, como por exemplo ‘aqui não é lugar de mulher’, mas a gente só ignorava,” relembrou a CEO.
As palestrantes concordam e insistem que é essencial promover a inclusão e o apoio mútuo entre as mulheres no setor. Vanessa mencionou o impacto positivo do Instituto Ladies In Tech, que reúne 250 mulheres CEOs no Brasil, fornecendo suporte e criando um ambiente de crescimento conjunto. Além disso, Susiléa enfatizou a necessidade de constante evolução e estudo para as mulheres na tecnologia, afirmando que “não existe caminho fácil e sem determinação.”
Por fim, o painel ressaltou que a transformação no setor tecnológico depende de esforços coletivos para superar barreiras e preconceitos estruturais. As palestrantes incentivaram as mulheres a buscarem oportunidades, investirem em educação contínua e colaborarem entre si para alcançar o sucesso no ambiente de inovação.
SERVIÇO
ESX 2024 – Espírito Santo Innovation Experience
Local: Praça do Papa, Vitória, ES
Data: domingo (16 de junho), das 9h às 20h.
Entrada gratuita
Programação completa e inscrições: esx.com.es