Por Thálita Sampaio, participante da Oficina de Jornalismo realizada pelo WhitepaperDocs em parceria com o Sebrae/ES, MCI e FindesLab
Pensar em modelos de cidades mais inteligentes, que implementam novas medidas de sustentabilidade e estruturação social, é indispensável nos tempos atuais. Dessa forma, o ESX 2024 promoveu conversas sobre a necessidade de fortalecer a inovação urbana para o desenvolvimento das cidades.
O evento foi realizado de 14 a 16 de junho, na Praça do Papa, em Vitória, pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Espírito Santo (Sebrae/ES) e Mobilização Capixaba pela Inovação (MCI), com correalização da Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (Fapes) e do governo do Estado do Espírito Santo.
Medellín é um exemplo disso: a segunda maior cidade da Colômbia foi tomada pelo narcotráfico nos anos 1990 e, nos últimos 33 anos, tem se destacado mundialmente como um exemplo de inovação e desenvolvimento sustentável. A junção do poder público à universidade e organizações sociais favoreceram a criação de um grande acordo social.
O caso foi apresentado no último dia de ESX 2024 na palestra “Case de Medellín: Como criar cidades inovadoras”, realizada na Arena de Inovação, com Santiago Uribe, diretor executivo da Medellín Resilience Office Corporation. O debate fomentou a necessidade de criar estratégias que possibilitem a aproximação desses agentes, com o objetivo de que a participação comunitária seja influência na mudança positiva das cidades.
“Em Medellín, desde o princípio, foram as lideranças comunitárias que olharam os desafios da cidade e se organizaram para trazer novas energias. Eles criaram muitas iniciativas pelo poder popular, como organizações de liderança que mostraram caminhos para a transformação da cidade”
Santiago Uribe, diretor executivo da Medellín Resilience Office Corporation.Apesar da necessidade de investimentos, estruturação e medidas resolutivas, Santiago reforçou que só a energia da comunidade organizada permite que aconteça um olhar diferente para o futuro. “Eu acredito que cidades do mundo inteiro podem aprender com a experiência e resiliência de Medellín, mas ninguém pode copiar uma receita, uma fórmula e implementar em outra. É preciso que cada uma procure percorrer seu próprio caminho”, concluiu.
O palestrante ainda reforçou que “A verdadeira força de inovação de uma cidade são as pessoas”.
A palestra também reforçou a importância da difusão de dois princípios básicos da inovação: a frequência e a repetição. Pensando em possibilitar o desenvolvimento desses pilares e viabilizar o desenvolvimento de mais cidades inovadoras, Santiago destacou também a necessidade de políticas públicas nesses cenários.
Cidades inteligentes e sustentáveis
O Espaço Acelera também foi palco de reflexões sobre o assunto durante a palestra “Cidades Inteligentes e Sustentáveis no Mundo dos Eventos Climáticos Extremos”, com o professor-doutor Pablo Lira, presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN). Ele reforçou a importância de líderes políticos que viabilizem políticas públicas para o desenvolvimento de cidades mais inovadoras.
“Nós temos a necessidade de termos gestores com uma visão sustentável do futuro: prefeitos, secretários e lideranças do setor privado também, que pensem no momento que estamos vivendo hoje como um momento para refletir o nosso modo de produção e desenvolvimento”
Professor-doutor Pablo Lira, presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN)A tecnologia e a inovação, além de funcionarem como aliadas a medidas que possam mitigar impactos sociais negativos, também são soluções no campo da ciência, que movimentam-se como meios de condução para o desenvolvimento de fato sustentável.
Pablo Lira explicou que um dos atrasos organizacionais, por exemplo, é que 15 capitais das 27 unidades federativas brasileiras não possuem um Plano Municipal de Ação Climática – Vitória tem um Plano de Adaptação a Eventos Climáticos Extremos em desenvolvimento. O plano é um estudo que auxilia no retardo dos impactos sociais de outra pauta importante, a questão climática.
Atualmente, a tecnologia funciona como uma aliada para medidas que possam mitigar esses impactos. Lira destacou ainda que, para a construção de mais cidades inteligentes, é necessário que aconteça uma aceleração e um impulsionamento desses processos de inovação.