Por Thálita Sampaio, participante da Oficina de Jornalismo realizada pelo WhitepaperDocs em parceria com o Sebrae/ES, MCI e FindesLab
A inteligência artificial (IA) vem revolucionando mercados e alterando cenários de maneira disruptiva mundialmente, levantando discussões éticas e preocupações sociais e econômicas. Para se ter ideia, o número de patentes de IA registradas por ano no mundo saltou de pouco mais de 15 mil em 2019 para perto de 70 mil em 2023, segundo relatório da universidade de Stanford, na Califórnia.
E o Brasil é o país que mais usa inteligência artificial (IA) na América Latina. No território nacional, 63% das empresas utilizam aplicações baseadas nessa tecnologia, ante uma média de 47% em toda a região. Os setores mais avançados em soluções de IA são o financeiro, o varejo e o de manufaturas. Os dados são do estudo “Avanços na cultura organizacional baseada em dados, analytics e IA”, feito pelo International Data Corporation (IDC).
Não à toa, o tema foi a principal tendência discutida e vista no ESX 2024, realizado de 14 a 16 de junho pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Espírito Santo (Sebrae/ES) e a Mobilização Capixaba pela Inovação (MCI), com correalização da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) e governo do Estado.
Além de startups expositoras que oferecem soluções baseadas em IA, o evento teve oito palestras diretamente ligadas ao assunto, com menção no título – fora as discussões que abrangeram a IA indiretamente. O evento também marcou o lançamento do Chat ESX, uma inteligência artificial desenvolvida para ajudar o público a navegar pelo evento e pelas programações do ESX 2024 que seguirá sendo abastecida de conteúdo do ecossistema de inovação capixaba, com potencial para se tornar uma ferramenta com informações concentradas e atualizadas sobre iniciativas, editais e eventos, trazendo insights e orientações.
Mas o que é Inteligência Artificial e por que ela é o assunto do momento?
A inteligência artificial surgiu em 1956, sendo definida como o conceito de computadores aprenderem suas funções de maneira independente. Hoje, a IA é um agrupamento de outras tecnologias, que realiza tarefas de resolução de problemas com a similaridade que a cognição humana realiza.
“Inteligência artificial é como se você tivesse robozinhos fazendo as coisas para você: eles processam os dados e trazem as informações mais claras. Essa busca é feita a todo momento do dia”, explicou o diretor de inovação da Medsênior, Marcus Vinícius.
“Esse novo jeito de lidar com a IA, essa interação com o humano, vai mudar a sociedade de maneira importante nos próximos anos. Acredito que isso vai preencher todas as áreas da sociedade civil”, completou o representante da Medsênior.
O cientista de dados especialista em Visão Computacional Marlon Candoti, que estava entre o público participante do ESX 2024, define a IA como uma forma de automatizar um trabalho humano através do computador, se utilizando de uma base de dados históricos.
“As possibilidades de uso são inúmeras, impactando áreas como finanças, visão computacional, medicina, jornalismo… Qualquer setor que utilize dados que o computador consiga ler pode ser impactado pela IA”, comentou.
Palestrantes, colaboradores, expositores e empreendedores fomentaram a discussão no ESX 2024 sobre a Inteligência Artificial ser uma ferramenta que funciona como grande agente de tomada de decisão. Ela auxilia na análise de dados e identificação de padrões de uma forma mais ágil, permite grandes combinações quando usada para sistemas de recomendação e ajuda na otimização de diversos processos.
Uma dessas palestras foi a de Walter Longo, especialista em inovação e transformação, que abordou os desafios que a inteligência artificial impõe à educação, além de importantes reflexões sobre seus impactos na produtividade e exemplos de como ela pode facilitar o dia a dia das pessoas.
“A inteligência artificial ficou mais de 70 anos circunscrita a um círculo pequeno de pessoas. Até 30 de novembro de 2022, com o lançamento do Chat GPT, ela era assunto para especialistas, não para o público geral. O que mudou nesse dia foi que a máquina passou a falar a nossa língua”, comentou.
O desenvolvimento recente de plataformas e interfaces amigáveis tornou o tema acessível a todos. Longo trouxe como exemplos plataformas de IA que funcionam como assistente executiva, montam sites completos em poucos segundos, escrevem comunicados, editam podcasts e fazem cortes com destaques em vídeos do YouTube, além de desenvolverem textos e ilustrações, entre muitas outras funcionalidades.
Walter Longo defende que as revoluções ocorrem não quando a sociedade adota novas ferramentas, e sim novos comportamentos.
“A inteligência artificial é um novo jeito de ver o mundo e de se ver no mundo. Temos uma decisão a fazer. Nós queremos continuar sendo normais ou sermos exponenciais? Quem quiser continuar sendo normal, tudo bem, pelo menos por enquanto. E quem quiser virar exponencial, basta abraçar a inteligência artificial. Com a inteligência artificial, homens e mulheres se transformam em super-homens e supermulheres”
Walter LongoDe acordo com o palestrante, essa decisão se divide em duas premissas: Que parte do seu trabalho você quer otimizar? Que parte do seu trabalho você quer automatizar
“A IA veio para trazer nosso tempo de volta. Eu quero fazer melhor algumas coisas e quero fazer menos outras. Com o uso da inteligência artificial, me sobram quatro horas por dia. Estou mais eficiente e com mais tempo”, conta.
“IA destrói empregos e constrói oportunidades”
Uma das maiores discussões em relação à inteligência artificial é que ela tem potencial para acabar com milhões de postos no mercado de trabalho. Mas ao mesmo tempo, ela pode gerar ainda mais oportunidades.
Breno Lobato, CEO da WeBelieve e da AYA Tech, empresa de soluções de inteligência artificial, possui uma visão positiva das inteligências artificiais. De acordo com ele, elas são uma ferramenta que geram velocidade no trabalho.
“Eu acredito que as empresas que estão usando o serviço de inteligência artificial vão aniquilar as empresas que não estão utilizando a IA”, disse.
Para Walter Longo, existe uma metade pessimista e outra metade entusiasta da inteligência artificial. Segundo o Fórum Econômico Mundial, até 2027 a automação eliminará 85 milhões de empregos e criará outros 92 milhões de novos jobs ou funções. Para os otimistas, o processo será de adição, e não de substituição.
“A evolução destrói empregos e constrói oportunidades ao mesmo tempo. Milhões deixarão de ser empregados para se tornar empreendedores. A tecnologia não vem para tirar empregos, e sim para devolver nossa humanidade, ganhando tempo para o que realmente nos motiva na vida. Ao abraçar o novo com entusiasmo e cautela, poderemos garantir um mar de oportunidades em nosso futuro”, conclui Longo.