Por Thiago Borges
Com mais de 23 mil cooperados e presente em 42 cidades de Espírito Santo, Bahia e Minas Gerais, a Nater Coop chega aos 60 anos com planos de expansão internacional e pretende abrir uma subsidiária no exterior, fortalecendo a exportação de café e pimenta-do-reino que já é realizada para mais de 40 países. O planejamento para a próxima década tem como aliada a inovação, incluindo o desenvolvimento e lançamento de novos produtos das marcas de alimentos da cooperativa.
Fundada como Coopeavi, a cooperativa que tem sede em Santa Maria de Jetibá cresceu e diversificou suas operações. Conta atualmente com 70 unidades físicas de atendimento, incluindo lojas agro, indústrias, armazéns, comercialização de produtos vegetais, supermercados e postos de combustíveis; atua nas cadeias produtivas de ovos e leite; e tem marcas como Veneza, Pronova, Liva, Rede Nater, Rações Coope, Vexgo e ConvenON.
Em conversa com o WhitepaperDocs, o CEO da Nater Coop, Marcelino Bellardt, contou que, para os próximos anos de trabalho, a expectativa é seguir em busca constante por inovações e sustentabilidade, além de transformar as operações, adotando novas formas de fazer negócios e reforçando a posição da Nater Coop no mercado.
Além disso, Bellardt contou que a empresa está firmando novas parcerias estratégicas, que vão contribuir com o crescimento em segmentos como insumos agropecuários e consolidar a liderança no mercado de café. De acordo com o CEO, outra frente de inovação será no desenvolvimento e lançamento de novos produtos das marcas de alimentos.
“Sempre atentos às demandas dos consumidores e às oportunidades de diferenciação. Assim, estamos desenhando um futuro onde a Nater Coop será ainda mais reconhecida pela sua capacidade de inovar, crescer e gerar valor para todos os seus cooperados”, expôs o CEO.
Modelo de negócio
A cooperativa adota um modelo de negócios que une três funções: consumidor, fornecedor e associado. Os cooperados podem usufruir de mais de 40 lojas físicas de varejo agropecuário, com produtos que vão desde pequenos itens, como pregos, até equipamentos grandes, como tratores. Além disso, a cooperativa proporciona facilidades para o financiamento de máquinas e insumos, assegurando que os produtores tenham tudo o que necessitam para desempenhar suas atividades.
Como fornecedores, os cooperados vendem as produções de ovos, café e leite à Nater Coop. A cooperativa se encarrega então de comprar, armazenar e processar esses produtos, que são distribuídos em território nacional e internacional. Como associados, os cooperados recebem uma parte das sobras da cooperativa ao final do ano, proporcional à participação, o que fortalece o vínculo entre eles e contribui para a sustentabilidade do negócio.
Inovação e tecnologia
Segundo Marcelino Bellardt, a Nater Coop se destacou ao longo da história com a capacidade de diversificar e inovar, fortalecendo a produção rural e avançando para novas culturas e modelos de negócios, como os condomínios agropecuários, que são estruturas onde diferentes produtores rurais compartilham áreas e recursos para a produção, além de ter acesso mais fácil a tecnologias, serviços de assistência técnica e mercado.
“A inovação é essencial no cooperativismo para se posicionar no mercado atual. Vemos um setor cada vez mais digital, sustentável e inclusivo, onde a cooperação é a chave para o crescimento.”
Marcelino Bellardt, CEO da Nater Coop.Além disso, a cooperativa concluiu recentemente o primeiro ciclo do programa de inovação aberta, que contou com 70 soluções para desafios internos específicos, e permitiu conexão com 50 startups de 14 estados brasileiros. A Nater Coop selecionou as três melhores startups, que foram integradas em suas operações, e contratou outras duas empresas de base tecnológica que apresentaram propostas relevantes.
De acordo com Bellardt, a ideia de expandir a submissão de propostas por startups de diferentes regiões do País, e até internacionais, permite variedade de soluções e maior conexão com ecossistemas de startups. Além disso, o CEO adiantou que já existem alguns caminhos definidos para o próximo ciclo do programa de inovação aberta da Nater Coop, como o foco da porteira para dentro, olhando para as dores dos produtores rurais.
Bellardt também pontuou que a Nater Coop investe em capacitação, acesso a novas tecnologias e parcerias estratégicas para garantir que os cooperados acompanhem as mudanças do mercado e aumentem a produtividade. Dentre essas novas tecnologias que mais impactaram os pequenos produtores, estão as de automação no campo, como a irrigação, uso de drones e internet das coisas, que permitem maior controle da produção e otimização de recursos.
Com o objetivo de impulsionar a implementação dessas novas ferramentas no Espírito Santo e em Minas Gerais, a Nater Coop fechou parceria com a Agridrones, para aumentar o uso de drones na agricultura e pecuária, oferecendo soluções inovadoras para os produtores rurais das regiões. A colaboração ofereceu modelos desenvolvidos especialmente para aplicações agrícolas, além de suporte pós-venda e assistência técnica, garantindo que os agricultores tivessem acesso aos equipamentos e conhecimento para uso no campo de forma eficaz.
Feiras Agro Nater Coop
A disseminação de conhecimento e tecnologia entre os cooperados tem como principal palco as Feiras Agro Nater Coop. Sendo a única feira agropecuária do Estado a contar com edições personalizadas para duas regiões do Espírito Santo, o objetivo dos eventos é refletir o propósito da cooperativa na programação, estrutura e conceito, além de oferecer as melhores condições comerciais do ano e promover debates de temas relevantes aos desafios que os produtores rurais enfrentam no momento.
As Feiras Agro Nater Coop 2024, realizadas em Nova Venécia e Santa Teresa entre junho e julho, encerraram com resultados altos e consolidados, quase triplicando o valor de negócios realizados em comparação com as edições de 2023.
Os eventos deste ano movimentaram mais de R$ 300 milhões em negociações, em contraste com os R$ 122 milhões do ano anterior. Além disso, as feiras atraíram 9.426 visitantes e atenderam 13.067 clientes, um crescimento significativo em relação ao ano passado. Além disso, o evento deste ano contou com 45 expositores, que apresentaram as últimas inovações em maquinário, insumos e tecnologias agrícolas.
“Embora esse seja o maior evento anual da cooperativa, é importante mencionar também os dias de campo, dias de lojas e palestras conduzidas pelo nosso time técnico, que são fontes essenciais de acesso a informações e inovações em todas as áreas de atuação da cooperativa no Espírito Santo e em Minas Gerais”, destacou Marcelino Bellardt.
Parcerias
A Nater Coop mantém parcerias com instituições financeiras para facilitar o financiamento de projetos técnicos, como sistemas de irrigação que otimizam o uso da água. Além disso, a cooperativa investe em tecnologia, utilizando inteligência artificial e internet das coisas para melhorar processos internos e a gestão dos dados.
Outra parceria é com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), que potencializa, por meio da ciência, a produtividade com sustentabilidade. A parceria entre o Instituto e a cooperativa também trabalha com dados mapeados de cooperados, para serem insumos dos estudos desenvolvidos pelo Incaper.
“Também destacamos a proximidade com nossos parceiros estratégicos de negócios que possuem seus próprios núcleos de pesquisa. Esse contato nos ajuda a acessar soluções agrícolas de ponta, adequadas às nossas necessidades regionais, além de promover inovações em melhoria de processos e sustentabilidade”, contou Marcelino.
Com mais de 1.200 colaboradores, a cooperativa é a maior empresa do agronegócio do Espírito Santo, com um faturamento anual superior a R$ 2 bilhões. Esse crescimento reflete o compromisso da cooperativa com a inovação e a sustentabilidade, garantindo que os cooperados se beneficiem de uma organização moderna e eficiente.
Inovação na essência da cooperativa
Santa Maria de Jetibá, cidade onde nasceu a Nater Coop, é, hoje, a segunda maior produtora de ovos no Brasil, mas houve um tempo em que os ovos vinham apenas das galinhas de quintal, em produções caseiras. Quem mudou esse panorama foi Erasmo Berger, um jovem que foi estudar agronomia no Rio de Janeiro, na década de 1960, e voltou para casa com a ideia de criar uma granja.
“Fui estudar na Escola Wenceslau Bello, no Rio de Janeiro, e lá fui granjeiro, porque os custos do colégio eram mantidos pelos alunos também. Gostei e, quando voltei para casa, dei a ideia ao meu pai”, contou o pioneiro da avicultura em entrevista para o livro “Coopeavi 50 Anos”.
O vice-presidente Institucional da Nater Coop, Argeo João Uliana, contou ao Whitepaper Docs que a cooperativa nasceu de um sonho coletivo de agricultores que acreditavam na força da união.
“No início, éramos poucos, buscando maneiras de melhorar nossa produção e ter mais dignidade no campo. Hoje, a Nater Coop é muito mais do que uma cooperativa. É uma grande família, onde o espírito de cooperação continua sendo o alicerce de tudo que fazemos. E esse jeito de ser e fazer juntos foi o que nos trouxe até aqui”, pontuou Argeo.