A rede social TikTok anunciou que tomará medidas sobre o uso de filtros que visam modificar a aparência das pessoas. Jovens menores de 18 anos não poderão usar este tipo de recurso ao editar fotos e vídeos na plataforma, que vai disponibilizar também explicações sobre como a ferramenta altera a aparência. Além disso, os criadores de filtros também receberão alertas sobre possíveis consequências indesejadas que estes efeitos podem causar.
As atualizações foram noticiadas em um portal voltado ao mercado europeu. A plataforma ainda não se pronunciou se essas restrições serão aplicadas aos usuários brasileiros. Segundo a rede, as mudanças foram baseadas em um relatório da organização sem fins lucrativos Internet Matters, com feedbacks de pais e adolescentes. O estudo identificou “novos insights sobre como os adolescentes usam efeitos e o impacto disso no seu senso de identidade”.
Um destes insights é que há uma diferença entre filtros óbvios e divertidos (como orelhas de gatinho, por exemplo) e filtros feitos para alterar a aparência, mudando, por exemplo, cor ou tamanho de olhos, boca, pele, nariz e outras características pessoais. O problema está neste segundo tipo.
“Ao fomentar uma cultura de autenticidade, respeito e suporte, podemos criar um mundo digital onde todos se sintam empoderados para ser quem realmente são”, escreveu a rede social por meio de nota.
Tecnologia para identificar menores de 13 anos
Além das novas medidas envolvendo filtros de beleza, o TikTok informou que está testando como usar Inteligência Artificial para impedir que menores de 13 anos, idade mínima exigida pela plataforma, estejam na rede social.
A tecnologia será usada para identificar possíveis contas de usuários abaixo deste limite de idade. Moderadores humanos com treinamento especial, então, revisarão estes perfis, excluindo quando acreditarem que se trata de uma criança ou adolescente. Caso haja algum erro, será possível recorrer da decisão.
TikTok e a Autoridade Nacional de Proteção de Dados
No Brasil, o TikTok está sendo investigado pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) por questões envolvendo menores de idade. Existe a suspeita de que a plataforma realizou coleta e tratamento de dados de crianças e adolescentes de maneira inadequada.
Mesmo antes do fim da investigação, o órgão determinou que a rede social não poderá liberar o acesso ao seu feed sem que o usuário se cadastre. Outra ordem é aprimorar os mecanismos de verificação de idade.
Na ocasião, o TikTok declarou que vai colaborar com a ANPD, parceiros da indústria e da sociedade civil para aprimorar os mecanismos e encontrar soluções para os problemas apontados.
Impacto das redes
Nos últimos anos, as consequências das redes sociais na saúde mental e no desenvolvimento de crianças e adolescentes passaram a ser debatidas. A Meta, por exemplo, foi acusada de esconder pesquisas internas que apontavam que o Instagram causava problemas de ansiedade, depressão e distúrbios alimentares, principalmente em meninas adolescentes.
Nos Estados Unidos, o chefe da saúde pública fez um apelo para que o Congresso autorize uma mensagem sobre os riscos das redes sociais, similar às que aparecem em embalagens de cigarros, que seria exibida ao abrir os aplicativos. A Austrália foi além e quer proibir que menores de 16 anos usem as plataformas.
Mesmo assim, não há consenso sobre o tema. A organização Electronic Frontier Foundation, dedicada a direitos digitais, considera que as plataformas podem ser úteis para ajudar crianças e adolescentes a se conectar com outras pessoas e encontrar comunidades que as acolham, superando problemas de isolamento e ansiedade.