Por Thiago Borges
O Espírito Santo encerrou o ano de 2024 com 213 mil pessoas ocupadas em atividades ligadas à economia criativa, o que representa 10% do total de trabalhadores ocupados no Estado. O destaque foi para o desempenho dos segmentos de gastronomia e tecnologia. No rendimento médio por trabalhador, a economia criativa capixaba registrou, em 2024, o valor de R$ 3.493,40, resultado superior ao dos setores não criativos, que registraram R$ 3.255,60. O estado atingiu o rendimento muito próximo da média nacional.
As informações fazem parte do “Boletim Economia Criativa em Números”, segunda edição do Boletim Anual da Economia Criativa, que reúne estatísticas sobre o setor criativo no Espírito Santo relativas ao período de janeiro a dezembro de 2024, apresentado na última terça-feira, 22 de abril, pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura (Secult).
A publicação traz dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios – Contínua (PNAD-C) e acompanha o desempenho das principais variáveis do mercado de trabalho desse segmento no Espírito Santo e suas comparações com os demais estados e regiões do País, que reúne os setores ligados a cultura, gastronomia, mídia, criações funcionais e tecnologia.
O documento apresenta um panorama do mercado de trabalho criativo capixaba, por meio de indicadores, como o número de pessoas ocupadas, o rendimento médio e a informalidade, considerando recortes como sexo, raça/cor, idade e escolaridade dos trabalhadores criativos.
Os dados do Boletim utilizam como base de comparação os números da região Sudeste e do Brasil, o que permite uma visão ampla do cenário estadual.
Balanço anual
O número de pessoas ocupadas no setor criativo capixaba segue em crescimento: em 2024, o ES registrou mais de 213 mil pessoas ocupadas no setor, com destaque para os segmentos de gastronomia e tecnologia.
A maioria dos profissionais criativos são adultos pardos e brancos, com ensino médio ou superior completo. Não há diferença significativa entre os gêneros, e mais da metade desses trabalhadores atuam no setor privado, seguidos pelos profissionais autônomos.

A taxa de informalidade no setor criativo no Estado vem caindo nos últimos 4 anos, encerrando 2024 abaixo das médias do Sudeste e do Brasil. No ES, os trabalhadores por conta-própria, idosos e pessoas sem instrução são os mais afetados pela informalidade. As mulheres também estão entre as mais impactadas, tanto no ES (31% delas contra 39% deles) quanto no Sudeste (33% mulheres e 39% homens) e no Brasil (39% mulheres e 46% homens).
Entre os segmentos criativos, Criações Funcionais possui mais trabalhadores formais e os melhores salários (78%), enquanto a Gastronomia registra os maiores índices de informalidade e os menores rendimentos (44,4%).

Presente no lançamento do Boletim, a subsecretária de Estado de Políticas Culturais, Carolina Ruas, pontuou que o estudo apresenta informações consolidadas sobre os segmentos da Economia Criativa no Estado, permitindo apontar caminhos para o desenvolvimento de ações, superação de desafios e balanço de conquistas.
“São informações muito valiosas para avaliar o crescimento dos setores, que hoje representam 10% do total de trabalhadores do Espírito Santo, mais de 200 mil pessoas ocupadas”, destacou Carolina.
Para o diretor-geral do Instituto Jones dos Santos Neves, Pablo Lira, os dados evidenciam o desenvolvimento do setor criativo: “Esses números reforçam o cenário positivo e de desenvolvimento na economia criativa do Espírito Santo”, contou Lira
“Crescimento na ocupação, aumento no rendimento e redução da informalidade são fatores que se somam para contribuir com o avanço da economia criativa capixaba, evidenciando a potência que o nosso Estado é no segmento criativo”
Pablo Lira, diretor-geral do Instituto Jones dos Santos NevesResultados por trimestre
De acordo com a publicação, no quarto trimestre de 2024, 202,8 mil pessoas estavam ocupadas em atividades denominadas criativas no Espírito Santo, número inferior ao do trimestre anterior, que registrou 216,3 mil ocupados. Em relação ao 3º trimestre de 2024, houve queda de 6,3%, e na comparação com o mesmo período de 2023, a redução foi de 15,8%
Já o rendimento real recebido nas atividades criativas, considerando apenas o trabalho
principal, apresentou retração em relação ao trimestre anterior, passando de R$ 3.445,91 (no terceiro trimestre) para R$ 3.233,20 (no quarto trimestre). O estudo ainda apresenta um aumento de 5,8% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (4º trimestre de 2023), onde o rendimento médio era de R$ 3.055,87.
Com esse valor, o ES alcançou a 9ª posição do ranking de rendimentos entre as Unidades da Federação, perdendo duas colocações em relação à registrada no trimestre anterior. O rendimento médio nacional foi de R$ 3.446,11. Seis estados superaram o valor da média nacional, sendo: São Paulo, Distrito Federal, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul.

Para a região Sudeste, o número de pessoas ocupadas no setor criativo variou entre 5.674.206 (4º trimestre) e 5.648.657 (3º trimestre), enquanto o rendimento real do trabalho principal retraiu. Em comparação com o território nacional, o resultado no número de ocupados foi maior, mais de 11 milhões, com um crescimento de 86 mil em relação ao mesmo período no ano anterior (4º trimestre de 2023).

Em relação ao ranking de Unidades da Federação, o Espírito Santo se encontra na 14ª posição, caindo oito colocações em relação a 2023, quando figurava em 7º lugar. O ranking do total de pessoas ocupadas em atividades criativas foi liderado pelo Rio de Janeiro, com 13,3% das pessoas neste segmento, seguido por Distrito Federal, com 13,1% e por São Paulo, com 13,0%.

Em relação ao nível de escolaridade, a maioria tinha ensino médio completo, com um leve crescimento em relação ao ano anterior, passando de 33,2% para 38,8%. Seguido por superior completo, que passou de 29,9% (2023) para 29,2% (2024) e fundamental incompleto, que estava em 12,9% em 2023 e passou para 12,2% em 2024. Quanto à faixa etária, a distribuição segue estrutura semelhante aos demais segmentos da economia: entre 30 e 39 anos (27%), seguida por pessoas de 40 a 49 anos (21%).
Também houve variação na participação de jovens nas atividades ligadas à economia criativa. No boletim de 2023, jovens com idades entre 18 a 24 anos e de 25 a 29 anos de idade representavam, respectivamente, 14,8% e 16,7% do total de pessoas ocupadas no setor. Já em 2024, esse número passou para 13,6% (18 a 24 anos) e 14,8% (25 a 29 anos de idade).
Parceria
Economia Criativa em Números é uma publicação resultante da ação do ES+ Criativo, programa estratégico do governo do Espírito Santo e da Mobilização Capixaba pela Inovação (MCI), com elaboração realizada em parceria entre a Secretaria da Cultura (Secult), o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) e a equipe do projeto Hub ES+ (MCI/Funcitec), incluindo o Observatório Capixaba da Economia Criativa.